Genteminha, cá está mais um escrito que, tal qual alma sem rumo, se apresenta à procura de uma vida plena com meio e fim.
Lá vai:
"Conheci Cecília Fanguetto quando ela se apresentou no teatro
Vasquez, em Abril de 1958, num recital para poucas pessoas da sociedade de Cádiz.
Sua voz suave e límpida era como o som de
um regato longínquo dos Alpes. Olhar de calmaria, nos observava a todos no salão
principal do velho e decrépito teatro, que, mais tarde, seria demolido.
Fim da apresentação. Aplausos contidos, mas intensos. Corri
para cumprimentá-la. Espremi-me por entre um grupelho de senhoras, criaturinhas
beneméritas que fariam suspirar qualquer alcaide ou bispo e, finalmente,
alcancei-a. Suava, mas mal se podiam ver as gotículas salgadas a escorrer-lhe
por sobre a pele delicada. Olhou-me sorrindo. Aproximei-me – “Eu sou Elizabeth Dalton. Sou sua fã. Adoro
sua voz.” – eu disse. Ela, puxando-me pelo braço, arrastou-me para dentro do
camarim e, trancando a porta atrás de nós, confirmou tudo aquilo que seus
olhares em minha direção, na sua performance,
queriam dizer... Beijou-me como nenhum homem havia feito até então."
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