sábado, 27 de setembro de 2008

Um bruxo nunca morre!

Comemoram-se os 100 anos de morte de um imortal! Mas como?! Pra mim, imortal nunca morre! Em se tratando de um imortal como Joaquim Maria Machado de Assis, tudo é possível, até continuar vivinho da silva, mesmo estando morto há 100 anos! Um privilégio que este Bruxo, como o apelidou o grande poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade, no livro “A um bruxo com amor” , estendeu à outros ao fundar a ABL – Academia Brasileira de Letras.


Brincadeiras à parte, vamos ao assunto deste tópico: por todos os cantos deste país, se comemoram os 100 anos da morte deste que é tido como o maior de todos os escritores do Brasil. São mostras, publicações das mais diversas; re-edições para todos os gostos e bolsos; discussões em programas na mídia e em universidades etc.

Agora, vou deixar que ele mesmo se apresente:

“Eu, Joaquim Maria Machado de Assis, morador à rua do Cosme Velho, 18.

Sou natural da cidade do Rio de Janeiro, tendo aqui nascido a 21 de Junho de 1839, filho legítimo de Francisco José de Assis e de Maria Leopoldina Machado de Assis.”

(texto do rascunho do testamento do autor)

Machado de Assis era mesmo uma figura e tanto. Um narrador cativante. Cronista irônico, contudo sutil, cujos textos, recheados de verdades e muitas vezes divertidos, mostravam ser ele um grande observador crítico da vida política e da vida cotidiana do país.

Machado descreveu a sua aldeia e a sua gente como ninguém. Por trás das banalidades corriqueiras contidas em seus romances, evidencia-se a crítica à moral e aos costumes da sociedade burguesa capitalista, de sua época. Claro que, como poeta, Machado de Assis não me parece uma unanimidade. Aqui e ali, não falam bem do poeta, mas o contador de histórias se sobressai de maneira magistral, anulando quaisquer que sejam suas outras deficiências.

Eu, pessoalmente, nunca havia lido Machado na adolescência, por motivos que agora não vêm ao caso. Concordo que muitos dos jovens daquela época não gostavam da experiência, por achá-lo rebuscado e, por conseguinte, cansativo. Posso afirmar que essa também é a opinião dos jovens de hoje. Creio que existem formas de fazer com que se goste de Machado de Assis na idade dos cravos e espinhas. Isso, acredito, caberia aos mestres, mas como os próprios mestres – boa parte deles – não são afeitos ao lazer da leitura... Deixa pra lá!

O que eu gostaria mesmo de falar é que, ao visitar São Paulo, recentemente, fui ao Museu da Língua Portuguesa na Estação da Luz, onde estava acontecendo a mostra comemorativa dos 100 anos da morte do escritor: “Machado de Assis, mas este capítulo não é sério”. Uma exposição rica em material histórico, repleta de alegorias que nos reportam à sua época e à cidade onde nasceu: Rio de Janeiro. Contudo, achei-a menos eloqüente do ponto de vista estrutural, do que outras já exibidas, por exemplo, a mostra “Clarice Lispector – a hora da estrela”, que mereceu, a meu ver, mais criatividade nas instalações. Mesmo assim, gostei do que vi e um dos motivos foi o fato de que maioria dos visitantes era constituída por jovens, sobretudo por jovens negros, que observavam tudo com o maior interesse. Acho que percebi até um certo orgulho por Machado de Assis ser mulato... Um dos poucos heróis afro-descendentes cultuados em nosso país.

Machado foi e será o grande expoente de nossas letras. Um bruxo nunca morre!

Agora, vou partilhar com vocês, um conto do escritor que consta também no folheto que me foi entregue na entrada da mostra. É só seguir o link:

http://www.cce.ufsc.br/~nupill/literatura/espelho.html

Ah, mas antes, para quem quiser conhecer melhor sobre esse grande autor brasileiro, aqui está uma dica:

http://www.machadodeassis.net/

Boa leitura!

4 comentários:

Sandra Knoll disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Sandra Knoll disse...

Que incrível...hoje pensava sobre isso " o aniversário de 100 anos da morte desse bruxo".
Eu, como educadora, já deveria ter feito minha parte...mas ando ensaiando isso. Acho que o post me deu a luz. Vou á luta...

Hélio Jorge Cordeiro disse...

Aê Sandra, legal!

Ainda ando descobrindo coisas na minha vida... Espero que ela, minha vida, se prolongue por muito tempo ainda para que eu conheça muito mais! Espero!

Hélio Jorge Cordeiro disse...

Ei, no escurinho do Cine Cubancheiro tem HELP! É, é esse mesmo, Paul, John, George e Ringo!

Pipoca!