segunda-feira, 8 de setembro de 2008

A entrevista



A ENTREVISTA


Ele estava sentado numa mesa isolada. Sobre a mesa um copo americano com cachaça. Ela chegou. O reconheceu. Pediu licença e se sentou. Ele deu um gole na marvada e depois acendeu um cigarro dos mais baratos. Ela sentiu a fumaça na cara. Tossiu depois pegou um caderninho e uma caneta e ficou a olhá-lo.

- O quê? Que quê foi?

- A entrevista.

- Ah, sim, tá bom. Inda bem. Pensei que tava querendo tirar uma de minha cara. Comigo num tem lero-lero, não. Num tem conversa. Sou curto e grosso. Direto, sem frescura. Quer saber o quê?

- Quero saber...

- Qual é a transa, é? Olha, transa pra mim é foda, mesmo. Fazer amor? Porra, nenhuma, cara! Quem faz amor é escritor de novela, porra. Beijo? Quer sabe o que eu acho de beijo na boca, quer? Comigo num tem esse negócio de beijo na boca, não, cara. Tem que babar é o pau, mesmo! Sexo oral é discussão entre dois poetas enrustidos! Sexo anal? Até tenho vontade de rir, cara. Olha, sexo anal pra mim é pau no cú e sem vaselina. Ali, direto, doído! Educação? Que é que é isso? Isso é coisa de fresco... Mãe? Num tenho... Pai, nem sei. O quê, se eu compro a vista? Claro que não, cacete. Quem compra a vista é afeminado! Eu compro a prazo e num pago as prestações! Se quiser que mandem a conta pro SPC. Rezo pra quem?! Porra nenhuma, meu. Olha, puta pra mim é santa e santa... Quê? Qual é meu drink? Minha irmã! Quem bebe drink é ex-seminarista... Hum? Num entendi... Uísque? Num me faça rir, caralho. Eu só bebo cachaça, e das mais baratas e com uma malagueta como tira gosto. Por falar nisso... Num uso cueca não, senhora. Comigo o pau tem sambar nas calças, sacou! Tipo lutador de boxe antes da luta... O meu Mohamed Ali quer é liberdade! Sou grosso sim, já disse! Olha, num vou repetir mais hein! Floris é o caralho, porra, já falei que se disser meu nome completo, tu vais levar um pau na fuça! Até eu num consigo falar esse nome de veado... Vou repetir só dessa vez... Meu nome é VALDÃO, porra! Vamos parar com esse papo boiola. Vamos nessa que eu tenho uma mulher pra jantar... Entendeu, né? Hehehehe! Mas antes tenho que derrubar um barro primeiro. Tô com uma caganeira da porra! Se brincar, faço ali, na igreja, no confessionário. Então, tá. Faço na praça mesmo. Vamos nessa... Vai na frente, que quero ver se tu tem uma bundinha comível... Quê? Num falei nada! Bundinha comível? Ah, é que... Sabe como é num sô um cara exigente, não. Meu lema é pau dentro sem olhar onde e quem! Vamos lá, gostosa! Quê? Num falei nada, não... Vai indo, vai indo...

Hummm... Num é que tu levas jeito, mina! Hein?

6 comentários:

Anônimo disse...

Mas da onde é que você tirou essa criatura Hélinho.. vixi... hey no blog do Rubens da Cunha, ele já colocou a versão dele da idéia do conto, vai lá e dá uma lida... bom, ficou a cara de Rubens né!! heheehheehehe

bjos

Hélio Jorge Cordeiro disse...

Tá poraí, nêga, só não vê quem não quer! hehehe!

Vou sim passar por lá!

Anônimo disse...

ahahahhahahhaa
muito bom! muito bom!
será que o Rômulo e o Seba já leram isso?
pra mim é um misto dos dois,
hahahahahhahahaha

só tu mermo, Heliño.

Hélio Jorge Cordeiro disse...

Juro que não me inspirei neles, André. Eu tina pensado em...Deixa pra lá. Rsss

Anônimo disse...

Heliño, agora fiquei curioso pra saber quem é que te inspirou. Bota as iniciais aí, pô!!!! Ah, e gostei pra caralho!!!!! Fodaço!!!!!!! E se o KY tiver mais um número no futuro, já tens outra vaga garantida lá!!

Mas... tenho que concordar com o André.. ehehehehehehehe

Hélio Jorge Cordeiro disse...

Hahaha! É mesmo a cara de 6 2, né não?
Pode mandar ver, só espero não estar cheio de errinhos! Cê cuida disso, né?