Pessoal, eis aqui um
exemplo de monólogo interior, técnica empregada por autores como Virginia
Woolf, James Joyce, William Falkner e aqui Autran Dourado, Clarice Lispector, entre outros. Esta forma de narrar, tem
sido perseguida por muitos autores , mas nem todos conseguem entrar profundo na
psiqué de seus próprios personagens. Esse assunto, veio à tona, à baila, como
queiram, porque andei analisando minhas formas de escrever. Nos meus livros já
editados e mesmos nos por ainda editar, eu faço pouco uso dessa “técnica”,
talvez por ser mesmo difícil, mas também porque eu prefiro revelar o “sujeito
interior de meus personagens”, através de suas ações e diálogos, só que este
último é, de forma geral, passível de falácias, tanto quando saídos da bocas
dos personagens, quanto de nossas próprias bocas.
Bom, aqui está um
exemplo, que extraí do Wikipédia para vocês:
Virginia
Woolf - “Such fools we are, she thought, crossing Victoria Street. For Heaven
only knows why one loves it so, how one sees it so, making it up, building it
round one, tumbling it, creating it every moment afresh; but the veriest
frumps, the most dejected of miseries sitting on doorsteps (drink their
downfall) do the same; can't be dealt with, she felt positive, by Acts of
Parliament for that very reason: they love life. In people's eyes, in the
swing, tramp, and trudge; in the bellow and the uproar; the carriages, motor
cars, omnibuses, vans, sandwich men shuffling and swinging; brass bands; barrel
organs; in the triumph and the jingle and the strange high singing of some
airplane overhead was what she loved; life; London; this moment of June.” (Projeto Gutemberg Austrália, 1925 pay
1. acesso em 26 abril 2013)
Tradução: “Como a
humanidade é louca, pensou ela ao atravessar Victoria Street. Porque só Deus
sabe porque amamos tanto isto, o concebemos assim , elevando‑o, construindo‑o à
nossa volta, derrubando‑o, criando‑o novamente a cada instante, mas até as
próprias megeras, as mendigas mais repelentes sentadas às portas (a beberem a
sua ruína) fazem o mesmo; não se podia resolver o seu caso, ela tinha a
certeza, com leis parlamentares por esta simples razão: porque amam a vida. Nos
olhos das pessoas, no movimento, no bulício e nos passos arrastados; no
burburinho e na vozearia; os carros, os automóveis, os ónibus, os camiões,
homens‑sanduíches aos encontrões, bamboleantes; bandas de música; realejos, no
estrondo e no tinido e na estranha melodia de algum aeroplano por cima das
nossas cabeças, era o que ela amava, a vida, Londres; este momento de Junho.
Porque era em meados de Junho.” (Mrs. Dalloway, 1925, trad. port. Lisboa,
Ulisseia, 1982, pp.5-6)
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