Esta foi uma postagem de muito tempo atrás sobre como criar finais de supostas narrativas e , acredito, ainda está válida:
“Adélia levantou-se. Foi até a cozinha. O relógio no topo da
parede dizia 8:35. Abriu a geladeira e retirou uma maçã. Não costumava fazer
isso. Não comia pelas manhãs. Deu uma mordida e a deixou sobre o balcão. Olhou-se no espelho do corredor. Olhos extremamente
inchados.
Na sala, abriu a cortina. Uma claridade intensa. Sorriu. Sentiu os olhos. A
luminosidade lhe incomodava. Procurou pelo seu gato. Não o achou. “ Será que o deixei lá fora ontem a noite?”
Não arriscou sair para procurá-lo. Adélia
sentou-se na velha cadeira de balanço. Procurou ficar bem confortável. Olhou em
volta. Tudo continuava igual de quando chegou naquela casa há 35 anos, menos a presença
de Erasmo. Olhou para um bilhete que
trazia guardado no sutiã. Deixou-o cair no assoalho.
Adélia concentrou-se num sibilar que vinha da cozinha e sentiu o cheiro intenso de metano, adormeceu
com um sorrisozinho no rosto, lembrando-se da sorte que teve o gato naquela
manhã.”
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