segunda-feira, 26 de maio de 2014

Lembrando e ao mesmo tempo esquecendo para sempre.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Esta foi uma postagem  de muito tempo atrás sobre  como criar finais de supostas narrativas e , acredito, ainda está válida:
“Adélia levantou-se. Foi até a cozinha. O relógio no topo da parede dizia 8:35. Abriu a geladeira e retirou uma maçã. Não costumava fazer isso. Não comia pelas manhãs. Deu uma mordida e a deixou sobre o balcão.  Olhou-se no espelho do corredor. Olhos extremamente inchados.
Na sala, abriu a cortina. Uma claridade  intensa. Sorriu. Sentiu os olhos. A luminosidade lhe incomodava. Procurou pelo seu gato. Não o achou. “ Será que o deixei lá fora ontem a noite?” Não arriscou sair para procurá-lo.  Adélia sentou-se na velha cadeira de balanço. Procurou ficar bem confortável. Olhou em volta. Tudo continuava igual de quando chegou naquela casa há 35 anos, menos a presença de Erasmo.  Olhou para um bilhete que trazia guardado no sutiã. Deixou-o cair no assoalho.
Adélia concentrou-se  num sibilar que vinha da cozinha e sentiu o cheiro intenso de metano, adormeceu com um sorrisozinho no rosto, lembrando-se da sorte que teve o gato naquela manhã.”

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