Pessoal, copiei da revista Cult esta matéria para lembrar do talentoso brasileiro, Zé Rodrix. Lembram dele e do Guarabira?
“Soy Latino Americano”
"Relembrando
os cinco anos de morte de Zé Rodrix, CULT resgata memórias da vida e obra do
cantor,compositor e escritor."
Patrícia Homsi
“Zé
Rodrix, por sua luz própria, era da elite artístico-literária de alta fama e
prestígio… Mas, nunca esqueceu seu RG – José Rodrigues Trindade, tão simples
que só reivindicava: ‘Eu quero uma casa no campo/ Do tamanho ideal, pau a pique
e sapê/ Onde eu possa plantar meus amigos/ Meus discos e livros e nada mais’”,
escreve José Messias, cantor, compositor, apresentador e amigo de Rodrix no
prefácio de seu livro publicado postumamente, O cozinheiro do rei
(Madras, 2013). Cantor, compositor e escritor, Zé Rodrix faleceu há cinco anos,
deixando um legado de canções e livros.
Desde
criança, Zé Rodrix começou a tocar piano, saxofone, acordeão, flauta, bateria,
violão, trompete. Como brinca José Messias, “com os recursos tecnológicos
modernos, sozinho, seria uma orquestra de bom tamanho”. Autor de jingles
publicitários de sucesso e de canções como Soy Latino Americano e Casa
no campo – citada por José Messias e eternizada na voz de Elis Regina –
Rodrix se consagrou em trio com Luiz Carlos Sá e Guttemberg Guarabyra (Sá,
Rodrix e Guarabyra) e se aventurou pelos instrumentos do primeiro disco da
banda Secos e Molhados e até mesmo pelo movimento punk, com a precursora banda
Joelho de Porco. Como conta a mulher de Zé, Julia Rodrix, Sá, Rodrix e
Guarabyra se davam muito bem: eram amigos e escutavam todo o tipo de música.
“Cada um trazia sua contribuição, mas eles ouviam de tudo!”, conta Julia. No
entanto, nos domingos em que “acordava inspiradíssimo”, Zé Rodrix recorria ao
piano para tocar tangos frequentes.
Para
Julia, Zé escreveu canções como Fronteiras do amor e Amor e paixão,
“duas músicas lindíssimas”, mas foi em Coisas pequenas que ela encontrou
a emoção do encontro com o amado: “Nós dois tivemos muitos amores/ Antes de
cruzar um com o outro”. Este cruzamento se deu em 1985, num teste de elenco em
que Julia era a diretora. Pai de seis filhos (dois do relacionamento com
Julia), o artista havia se desligado da carreira na música popular após a morte
de Elis Regina, intérprete de Casa no campo. “Não era o Zé de Casa no
campo, mas o da Voz do Brasil, maior produtora da América latina.” Na época
dos olhares entre Julia e Zé, o compositor ainda era casado, mas a separação
viria meses depois: “’Me separei para namorar com você’, ele me disse”, conta
Julia.
Além do
gosto extremamente eclético por músicas de todos os estilos, Zé Rodrix também
era apaixonado por literatura. “Ele era do tipo que lia até lista telefônica.
Tomava café da manhã lendo e ia dormir lendo, terminando uma média de 4 livros
por semana”, relembra Julia Rodrix. Apaixonado por gibis, livros de ficção
científica, arquitetura, cabala e principalmente História, por volta do ano de
2000, Zé começou uma trilogia inspirada na maçonaria. “Seu avô era maçom, seu
pai também. Ele era muito dedicado à maçonaria. Para escrever a Trilogia do
Templo, Zé conseguiu uma licença que possibilitasse o trânsito entre todos os
ritos”, explica Julia.
Após acabar
a Trilogia do Templo, o caminho natural de Zé Rodrix era sua próxima trilogia,
inacabada em decorrência de sua morte. “Ele fez a trilogia da maçonaria no
mundo, agora faria a história da maçonaria no Brasil. Toda a família do Zé era
de Rio das Contas, na Bahia, então ele teve a ideia de fazer o caminho como o
de Santiago de Compostela pela Chapada Diamantina. Ele se deparou com história
dos tropeiros, se encantou e, daí para O cozinheiro do rei, foi um
passo”. O caminho culinário de O cozinheiro do rei foi decisão fácil: Zé
adorava cozinhar e envolvia todos os amigos do casal em jantares.
Carinhoso
e de prazeres simples, Rodrix se recusara a utilizar dinheiro público em suas
obras e lutava contra as grandes empresas detentoras das leis para a música. O
espírito questionador do artista pode ser visto em seu depoimento cedido a
Elias Nogueira, numa de suas últimas entrevistas: ao saber do relançamento de
seus três primeiros álbuns em carreira solo por uma grande gravadora, Rodrix
resolve ir até a Galeria do Rock, em São Paulo, e autografar cópias piratas dos
discos. “Ele acabava dando a maior força para os piratas!”, brinca Julia. A
exemplo de uma nova gravação de Coisas pequenas, a música preferida
de Julia, por Luiza Possi, as inovações na música, na literatura e nas ações do
compositor continuam gerando novas releituras.
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