quinta-feira, 22 de maio de 2014

Lembram do Zé Rodrix?





Pessoal, copiei da revista Cult esta matéria para lembrar do talentoso brasileiro, Zé Rodrix. Lembram dele e do Guarabira?

“Soy Latino Americano”

"Relembrando os cinco anos de morte de Zé Rodrix, CULT resgata memórias da vida e obra do cantor,compositor e escritor."

Patrícia Homsi


“Zé Rodrix, por sua luz própria, era da elite artístico-literária de alta fama e prestígio… Mas, nunca esqueceu seu RG – José Rodrigues Trindade, tão simples que só reivindicava: ‘Eu quero uma casa no campo/ Do tamanho ideal, pau a pique e sapê/ Onde eu possa plantar meus amigos/ Meus discos e livros e nada mais’”, escreve José Messias, cantor, compositor, apresentador e amigo de Rodrix no prefácio de seu livro publicado postumamente, O cozinheiro do rei (Madras, 2013). Cantor, compositor e escritor, Zé Rodrix faleceu há cinco anos, deixando um legado de canções e livros.

Desde criança, Zé Rodrix começou a tocar piano, saxofone, acordeão, flauta, bateria, violão, trompete. Como brinca José Messias, “com os recursos tecnológicos modernos, sozinho, seria uma orquestra de bom tamanho”. Autor de jingles publicitários de sucesso e de canções como Soy Latino Americano e Casa no campo – citada por José Messias e eternizada na voz de Elis Regina – Rodrix se consagrou em trio com Luiz Carlos Sá e Guttemberg Guarabyra (Sá, Rodrix e Guarabyra) e se aventurou pelos instrumentos do primeiro disco da banda Secos e Molhados e até mesmo pelo movimento punk, com a precursora banda Joelho de Porco. Como conta a mulher de Zé, Julia Rodrix, Sá, Rodrix e Guarabyra se davam muito bem: eram amigos e escutavam todo o tipo de música. “Cada um trazia sua contribuição, mas eles ouviam de tudo!”, conta Julia. No entanto, nos domingos em que “acordava inspiradíssimo”, Zé Rodrix recorria ao piano para tocar tangos frequentes.

Para Julia, Zé escreveu canções como Fronteiras do amor e Amor e paixão, “duas músicas lindíssimas”, mas foi em Coisas pequenas que ela encontrou a emoção do encontro com o amado: “Nós dois tivemos muitos amores/ Antes de cruzar um com o outro”. Este cruzamento se deu em 1985, num teste de elenco em que Julia era a diretora. Pai de seis filhos (dois do relacionamento com Julia), o artista havia se desligado da carreira na música popular após a morte de Elis Regina, intérprete de Casa no campo. “Não era o Zé de Casa no campo, mas o da Voz do Brasil, maior produtora da América latina.” Na época dos olhares entre Julia e Zé, o compositor ainda era casado, mas a separação viria meses depois: “’Me separei para namorar com você’, ele me disse”, conta Julia.

Além do gosto extremamente eclético por músicas de todos os estilos, Zé Rodrix também era apaixonado por literatura. “Ele era do tipo que lia até lista telefônica. Tomava café da manhã lendo e ia dormir lendo, terminando uma média de 4 livros por semana”, relembra Julia Rodrix. Apaixonado por gibis, livros de ficção científica, arquitetura, cabala e principalmente História, por volta do ano de 2000, Zé começou uma trilogia inspirada na maçonaria. “Seu avô era maçom, seu pai também. Ele era muito dedicado à maçonaria. Para escrever a Trilogia do Templo, Zé conseguiu uma licença que possibilitasse o trânsito entre todos os ritos”, explica Julia.

Após acabar a Trilogia do Templo, o caminho natural de Zé Rodrix era sua próxima trilogia, inacabada em decorrência de sua morte. “Ele fez a trilogia da maçonaria no mundo, agora faria a história da maçonaria no Brasil. Toda a família do Zé era de Rio das Contas, na Bahia, então ele teve a ideia de fazer o caminho como o de Santiago de Compostela pela Chapada Diamantina. Ele se deparou com história dos tropeiros, se encantou e, daí para O cozinheiro do rei, foi um passo”. O caminho culinário de O cozinheiro do rei foi decisão fácil: Zé adorava cozinhar e envolvia todos os amigos do casal em jantares.

Carinhoso e de prazeres simples, Rodrix se recusara a utilizar dinheiro público em suas obras e lutava contra as grandes empresas detentoras das leis para a música. O espírito questionador do artista pode ser visto em seu depoimento cedido a Elias Nogueira, numa de suas últimas entrevistas: ao saber do relançamento de seus três primeiros álbuns em carreira solo por uma grande gravadora, Rodrix resolve ir até a Galeria do Rock, em São Paulo, e autografar cópias piratas dos discos. “Ele acabava dando a maior força para os piratas!”, brinca Julia. A exemplo de uma nova gravação de Coisas pequenas, a música preferida de Julia, por Luiza Possi, as inovações na música, na literatura e nas ações do compositor continuam gerando novas releituras.

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