segunda-feira, 16 de março de 2009

Richard, Emma, Ruldoph, Lígia e Osvaldo



RICHARD, EMMA, RULDOPH, LÍGIA E OSVALDO

Richard estava ao lado de sua mulher Emma. Ela repousava tranqüila, deitada com a cabeça em seu colo. Segurando uma taça, sentado na cadeira de leitura, junto à janela, seu irmão Rudolph olhava direto pro céu, onde a luz do sol se esvaía lentamente.

"De tantos que me cortejaram, tu foste o único que me deste o verdadeiro amor, Richard. Lembro-me de quando tu recitavas para mim os poemas que Whitman compusera. Tão intensos aqueles versos... Ao ouvir-te, meu coração batia tão intensamente que pensava que iria saltar-me pela boca. Ah, Richard, quão lindo era o nosso amor juvenil!”

Richard olhava a parede do quarto fixamente. Parecia estar procurando algum defeito que nem os arquitetos e engenheiros seriam capazes de detectar.

“Doce Emma. Tão longe e tão perto. Sabes que não sossegarei enquanto não partires comigo. Tenho tudo arranjado. Um coche com quatro cavalos estará à nossa espera, próximo à casa da ponte. Sei que seremos felizes...”

Richard olhou para Emma e depois para Rudolph. Lembrou-se dessas palavras, pronunciadas por ambos; as primeiras, de Emma, quando ainda eram adolescentes; as outras, anos depois, de Rudolph para Emma.

Essas falas que tilintavam em sua cabeça como os sinos das igrejas aos domingos, não impediram Richard de servir vinho aos dois.

Richard deitou a cabeça de Emma sobre o travesseiro. Soltou a mão dela que ele segurava. Fechou o frasco de Acônito que estava caído ao lado da taça de vinho de Emma. Olhou em direção a Rudolph, que permanecia olhando para o céu. Em seguida, Richard deixou o quarto onde, poucos minutos antes, encontrara os dois amantes, agora apenas dois corpos inertes sem vida, graças à ação do competente veneno no vinho.

Lígia fechou o livro que comprara na Livraria Cultura, e falou para o marido: - Valdo, amanhã que tal bebermos um vinhozinho, querido? Em seguida, ela apagou a luz. Uma lágrima teimava em se equilibrar no canto do olho. Lígia enxugou-a e dormiu com um leve sorriso no rosto.

(Este foi mais outro conto postado nos Contos da Cultura)

4 comentários:

Anônimo disse...

porra Helinho, porra Helinho....achei que viria um peido - ops piada - do Richard nesse final..... hauuhaahuahuahuahu

Abraço meu querido!!

Saudades de tu!!!!!!!!!!!!!!

Anônimo disse...

uma especie de Terezinha de Jesus...

filipei damov

Hélio Jorge Cordeiro disse...

heheh! Gaiatos!

Anônimo disse...

Me manda um email. Perdi o teu.