segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Por um tantinho assim



















Foi encerrada a promoção Contos da Cultura, uma iniciativa da Livraria Cultura, onde os concorrentes deveriam escrever seus contos, com no máximo 2000 toques (com espaços) e que mencionasse, em seu contexto, o nome da livraria e do Conjunto Nacional, onde ela funciona na Avenida Paulista, São Paulo. Uma comissão julgadora escolheria os dois melhores contos dentre centenas de inscritos, a cada mês, e os publicaria na Revista da Cultura, publicação mensal da referida livraria. Nessa promoção, inscrevi oito contos, aliás, nove, mas este último foi censurado (!). Assim, resolvi publicá-lo aqui no meu blog, já que o mesmo não tem mais nada a ver com a referida promoção. Quase que ele ia ser publicado, foi por um tantinho assim...


POR UM TANTINHO ASSIM

Aos poucos, um bando de pessoas começou a se aglomerar dentro da galeria! Eram contistas que tinham participado do Contos da Cultura. Eles estavam nervosos e demonstravam muita impaciência. Era aparente, também, a insatisfação com alguma coisa.


Os funcionários da livraria começaram a ficar preocupados e chamaram o gerente: - O que o senhor acha disso, seu Venceslau? - perguntou a funcionária, amedrontada. - Humm...Num sei, Arlete. Parece que eles querem reivindicar alguma coisa... - Mas o quê, seu Venceslau, o quê pelo amor de Deus. Até hoje de manhã, tudo andava as mil maravilhas. Dois clientes até comentaram de nossa simpatia e cordialidade com os clientes... - Num sei, acho melhor fechar as portas de vidro. Lá se foi o gerente, acompanhado de Arlete, que aproveitou para arrebanhar mais dois colegas para fecharem a portas.

Do lado de fora, crescia a turba. Tinha duplicado o número de contistas. - Um absurdo, até agora nenhum de meus contos foi pra revista! - Concordo com você. É mesmo um absurdo. Os meus, eu nem esperava, pois os escrevi durante uma diarréia, lá no banheiro do Shopping Bristol! - E você aí, também não teve nenhum escolhido? - Nada! Tô revoltadíssimo! Temos que fazer alguma coisa pra reverter essa situação... – Qual? Ah, quem sabe quebrar tudo isso aqui? - Não! Que tal pegar os caras que escolhem os contos que vão pra revista? Ouviu-se um grande “É isso aí!”.

A massa, revoltada, começou a forçar a porta de entrada.

Dentro, a tensão era inevitável...

Um caos iria se instalar, principalmente, quando alguém chegou abrindo caminho com uma tocha de fogo! “Queimem os infiéis!” dizia o sujeito.

Quando tudo ia indo pro quintos dos infernos, que é o lugar pra onde a coisa se encaminhava, alguém gritou através de um mega-fone: - Parem, seus idiotas! Parem com isso! Nós estamos na livraria errada! Essa não é a Livraria Cultura, nem estamos na Galeria Nacional! Essa é a livraria Martins Fontes, seus burros!


2 comentários:

Anônimo disse...

gostei do conto,
simples e humilhante!
ehehehehe
abraçon

Hélio Jorge Cordeiro disse...

Será que eles se sentiram humilhados, meu caro Enzo? Não foi essa a minha intenção.

Claro, que eu quis dar um toque de ironia ao continho, já que ouvi de uma contista participante, muita indignação pelo fato de ela ver publicados contos sem o valor devido para tal.

Não aguentaram a brincadeira, falta, a meu ver, de maturidade profissional. Lamentável.