sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Copacabana, Cleuza e o mar



COPACABANA, CLEUZA E O MAR


O sol implacável fazia arder os lombos estendidos na areia, dispersos ao longo da praia de Copacabana.


Aquele era apenas mais um dia livre quando senti seus passos, fofos, mastigando a areia, fazendo-a ranger como porta velha. Era Cleuza, maravilhosa, deslumbrante em seu caminhar, passo a passo, uma gazela deusa; musa de todos os praieiros como eu. Ela passou por mim. Eu a fitei. Aliás, fitei todo o seu corpo e me ative àquelas nádegas exuberantes, macias como os bolos que só a minha tia Zezé fazia. E lá se foi Cleuza em direção à água. Baixou-se um pouco para que suas intimidades fossem molhadas, refrescadas e salgadas. Levantou-se rápida, quase pulando, para que uma onda não machucasse suas partes mais preciosas. Seus peitos subiram como que puxados por cordéis invisíveis e se assentaram calmos, serenos de volta em seus suportes, o sutiã do biquíni. Uma onda veio maior e ameaçadora. Cleuza, rapidamente, afundou e a onda cobriu-a toda, assim como eu imaginava fazer com ela, se um dia a tivesse ao meu lado. A onda passou e ela emergiu como um submarino que eu vira certa vez no cais do porto. Como num passe de mágica, o mar pareceu abrandar-se com sua presença. As ondas altas e fortes não apareceram mais como antes.

Foi então que eu decidi ir para a água para ficar perto dela. Caminhei, sentindo o meu coração palpitar forte e mais forte, quase saltando pelos ouvidos, boca e nariz. Entrei na água e estanquei apenas a alguns metros dela.

Cleuza se deliciava com as marolas que batiam em seus quadris em contínuo massagear libidinoso. Eu fiquei imerso até a cintura, só imaginando como seria se eu fosse uma daquelas marolas batendo em seus peitos, suas ancas... Nesse momento, uma ereção chegou a galope e senti que não havia nenhuma outra maneira de sair dali normalmente, senão ter que me masturbar na intenção daquele corpo lascivo de Cleuza como quem reza a um santo em agradecimento. Decidido, assim comecei, aos poucos, em movimentos ritmados, devagar, devagar, devagar... O meu olhar foi ficando vitrificado e minhas pestanas, mesmo que eu quisesse, não batiam mais. Estava fora de mim. Os movimentos foram aumentando e aumentando e Cleuza parecia que sabia o que eu estava fazendo, pois seus gestos e jeitos ficavam mais sensuais. Uma oferenda ao contrário; de uma deusa a um crente. Tudo aquilo era pura luxúria e tudo era somente para o meu deleite e mais ninguém. Eu podia ouvir a sua voz sussurrando o meu nome devagar, e sua língua a tocar os meus ouvidos como víbora sorrateira entrando na toca de um pobre roedor: Osvaldo, Osvaldo! Nesse momento, não foi possível agüentar e ejaculei. Os espermas subiram à tona à procura de ar e ficaram sobre a superfície como óleo na água. Agora parte de mim estava à deriva. Imediatamente, eu afundei. Mesmo assim, eu ainda podia ouvi-la chamar por mim, dizendo: “Você é demais, Osvaldo!” Nadei pra longe dela, pro fundo, e quando vim à tona, e me virei pra vê-la, Cleuza já estava caminhando pela areia em direção ao calçadão, levando com ela sua canga colorida, sua esteira de palha, seu chapéu e minha punheta juvenil.

Mas tudo já passou e agora só me restam lembranças e saudades daqueles dias em Copacabana. Dias em que eu ainda desfrutava de liberdade em minha pátria. O mar, eu e Cleuza, livres, leves e soltos. Não havia repressão em nosso caminho. Agora, estou aqui no exílio, tendo apenas como testemunha dessas lembranças, somente Garrastazu, meu cão bulldog inglês, cuja presença tem sido um alento pra minha cruel solidão. O mesmo não posso dizer do outro Garrastazu, o general que está lá no Brasil, cuja virulência chega a me dar asco. Só me resta ficar aqui, solitário e banido, nesta Londres cinzenta, fria e impessoal, esperando chegar o momento de voltar logo e continuar minha vidinha no país que eu amo e, que um dia, se verá livre desses déspotas pra sempre.

Como estarão agora Copacabana, Cleuza e o mar, hein Garrastazu?

6 comentários:

Anônimo disse...

gente, que maravilha!
sexo prende a gente né! ô golpe baixo! submarino aliás...
gostei do tamanho do texto também, nem muito extenso nem muito curto.
e a escolha do nome: Cleuza. Além do particularmente, eu acho que socialmente não é um nome que seria escolhido para musa da novela das oito, né; mas aqui de um tom de intimidade, proximidade, sei lá, uma mulher muito mais aberta do que uma... Malvina von Rundertöffen!

abraçon!!
(eu quase morri afogado em Copacabana, por causa daquelas ondas gigantescas. Vixe.. eu preocupado em respirar e gente do meu lado se masturbando... kkkkk)

Hélio Jorge Cordeiro disse...

Monsiuer, Potel, merci pelo comentário!

Cleuza é, realmente, uma mulher aberta, mais aberta que Lola-Lola interpretada pela Marlene Dietrich em "Der Blaue Engel"!

A propósito, retornei a terra do grande Itajaí-açu e logo estarei vendo os poetas e cronistas da cidade frente a frente e bebendo um bom trago de Rum.

Anônimo disse...

Hey querido Hélinho... quanto tempo né... pois bem, curti seu texto... adoro quando o sexo na história é o 1º e 2º plano do autor... mas sempre de maneira lúdica e poética... o texto também me fez lembrar de uma musica que amo pelo ritmo e letra... é do "Mundo Livre S/A" e o hit é "Melô das Musas"... um pedacinho... vale a pena ouvi-la...

"As mulheres são quase todas muito iguais (iguais)
Mas algumas são menos que outras (outras)
Eu quero uma mulher com "W" (W)
Uma mulher assim como Wânia
Wânia por exemplo tinha um W maiúsculo
Wânia tinha um W tinha um W enorme
Wânia por exemplo tinha um W imenso
Um W em forma W bem maior que a minha testa

Ela entrou de biquini branco
Soltou a blusinha na areia
Jogou um sorriso pra trás
me deixou com a cabeça cheia de idéias

Eu não vou sair daqui sem ver ela sair da água
Eu não vou sair daqui sem ver ela sair da água

Eu não vou sair daqui ser ver voce sair... não vou gostosa"

bom né?!... hehehehe

bjos

Anônimo disse...

Eita, Helinho,

nosso José Lins do Rêgo,em 1935, questionava:

"Que fizeram eles que vão pra Fernando? Ninguém sabe não!" (Seu Lucas, in "O Moleque Ricardo")

Que fez você pra ir pra Fernando?

Hélio Jorge Cordeiro disse...

Olá Camilia! Hehe!

Gostei da citação de MundoLivre S/A. Aliás, eles são lá da minha terrinha! Cê só se dá bem com gente legal, né?! hehe! Valeu, nêga!

Euzinha, fui a Fernando, aliás parte de mim foi à Fernando, graças a um desligado funcionário da nossa gloriosa Varig! Que coisa, né?

Kisses.

Hey, people, finally I'm back to my moquiço!

Anônimo disse...

você sabe que adorei aquela visão que você teve do texto né?!
oooooooooooootemooo ficou aquilo

abraçon!