quinta-feira, 31 de julho de 2008

Gaivota Sacana

Como está se aproximando mais um fim de semana, resolvi postar mais um continho de minha autoria para vocês que por aqui passeam:

GAIVOTA SACANA

Estava eu a ver navios à beira da foz do rio, quando uma gaivota voou sobre minha cabeça e meu olhar a acompanhou, interessado, deixando de lado os navios.

Seu vôo era suave, plácido, silencioso. Nesse momento, lembrei Fernão Capelo Gaivota de Richard Bach, livro dos tempos idos de minha saudosa juventude.

Num movimento repentino e ascendente, ela subiu, subiu e depois desceu, desceu e, mais uma vez, pairou sobre as águas. Planou suave até ficar estática, aproveitando uma corrente de ar quente. Não demorou, a gaivota voltou a subir, batendo suas asas sincronicamente. Subiu mais ainda que da outra vez. Então, mirando as águas, ela contorceu-se, juntou suas asas ao corpo e num mergulho quase suicida, a gaivota desceu, desceu, desceu tão ligeira que mais parecia uma flecha lançada por um arco forte e robusto. Seu corpo comprimido cortou o ar como uma lâmina de aço afiada e acertou em cheio a água. Lá se foi ela água a dentro. Ela afundou, afundou e eu não a vi mais! Esperei, esperei mais um pouco ainda, na esperança de vê-la retornar, mas nada. Nada da gaivota voltar. Minha atenção voltou-se, então, pros navios que continuavam ao largo. Imóveis, mortos, gigantes de ferro sem vida a balouçar no vai e vem das ondas.

Foi então que, num arroubo de ousadia, a gaivota veio à tona. Viva como nunca. Ela subiu aos céus como um míssil, respingando água por todas as suas penas. Vitoriosa. Soberba. A gaivota subiu, subiu abocanhando um peixe, cujas escamas, tal qual uma jóia, resplandeciam com a luz do sol, que logo pretendia esconder-se. Sorri, não por ela, ou por sua demonstração de destreza, mas por sua ousadia de, ao emergir, com seu alimento, dar um rasante sobre a minha cabeça, deixando-me acuado por uns instantes.

Não sei se ouvi direito, ou se foi o barulho do vento, misturado as ondas batendo no trapiche, mas eu podia jurar ter escutado a gaivota gargalhar. Pra, logo em seguida, a atrevida ave, vir a cagar-me a cabeça. Voou ela, faceira, na direção dos navios e deles passou. Ainda teve tempo, a danada, de olhar-me todo vexado e sujo a resmungar: “Que gaivota sacana!”

11 comentários:

Anônimo disse...

Fernão coraria de vergonha. Ô racinha!

Anônimo disse...

sei... sei...

ah! mudou o coisinha de postar... bom, muito bom...

Hélio Jorge Cordeiro disse...

A gaivota é minha, Euzinha, e elea voa pra onde eu mandar.

Camila, de que coisinha você se refere, hein?

Anônimo disse...

Mas pra cagar logo na tua cabeça? Vixe!

Hélio Jorge Cordeiro disse...

Essa gaivota se parece muito com uma namorada que tive years bc. Mesmo se mostrando obediente, vez ou outra, a peçonhenta saia da linha. Sabe cumé, né?

Anônimo disse...

eu me refiro ao lance de comentar... pois antes eu postava com um blog que eu já havia desativado... agora posso comentar com meu nome... é isso... dear... se vc ver no post anterior ainda é com "do jeito dela"... sacou broto...

Anônimo disse...

rárárárárá, Camila Malagueta!

Vc falou igual ao meu ídolo, Austin Powers!!!!!

Hélio Jorge Cordeiro disse...

Que coisa mais linda, essa de postar com um nome de um ex-blog!

O "Sacou broto!" É poética pura... Como diria Penelope Cruz: "Que rico!"

Anônimo disse...

Euzinha (interessante isso)... você curti o Austin Powers... olha sai um tempo com ele ano passado... até foi bom... mas sabe como ele é... vivia sumindo, e isso quando não berrava o nome do Dr. Evil depois que gozava... bizarro dear... bizarro...

E Hélinho querido... sim, Mui Rico!

Hélio Jorge Cordeiro disse...

Devido aos problemas causado pelo visual em preto desse blog, decidi mudá-lo e estou (ele) aberto à sugestões, portanto, quem quiser que suja acerca!

Anônimo disse...

bom... com relação a esse assunto... eu só falo pessoalmente... minhas criticas são melhores quando percebo de imediato a repercusão de minhas palavras... então espere querido... heheehheehe...