quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Uma quase tragédia de inverno não fosse o pão preto da padaria do senhor Ivan Graminsko














UMA QUASE TRAGÉDIA DE INVERNO
NÂO FOSSE PÃO PRETO COM NOZES DA PADARIA DO
SENHOR IVAN GRAMINSKO


Nevava forte naquela manhã de Dezembro, em que Flódor Vandinsk, saiu para comprar pão e deixara Yuliya, sua adorada esposa, dormindo.

Vandinsk sabia que teria que retornar para casa logo que comprasse o pão, mas ele não queria. Pensou como poderia se desculpar quando chegasse em casa tarde da noite, bêbado e sem o pão que sua mulher tanto gostava. Não, ele não teria coragem de fazer isso com Yuliya. Ou teria? Ela era uma mulher especial. Uma mulher cujo corpo era como uma pétala macia de rosa. Sua voz era um canto mavioso que só as sereias poderiam entoar. Trepar com ela era mais que fazer sexo, era algo que ele nunca experimentara antes com outra mulher. Seu hálito exalava o perfume do pecado. Por que então Vandinsk queria só retornar para casa à noite e ainda por cima embriagado, sem o pão de que ela tanto gostava? Ele mesmo se perguntava, enquanto pedalava a sua bicicleta até Gornika. Não tinha resposta nenhuma para dar a si mesmo. Então, ele resolveu se concentrar na estrada e pedalou.

Ao chegar à padaria, Vandinsk bateu a neve que se acumulara em seu casaco durante o trajeto de sua casa até a vila, entrou na padaria, fazendo badalar um pequeno sino que ficava no topo do caixilho da porta.

Lá dentro estava quente. Ele poderia ficar ali por todo tempo do mundo, até mesmo depois que o inverno desse adeus a Gornika, vila onde nascera e, provavelmente, iria morrer. Vandinsk iria pedir pão preto com nozes, uma especiaria da casa, que fazia a alegria de Yuliya.

O senhor Ivan Graminsko, um velho ex-combatente da guerra da Prússia, que parecia estar sempre com raiva das pessoas, entregou-lhe o pão e o chamou para um aparte. Vandinsk se aproximou e o velhote disse-lhe, arreganhando os dentes podres: “Tenha mais zelo com tua mulher, meu rapaz!” Flódor Vandinsk sorriu acanhado pro velho, entregou-lhe um punhado de moedas carcomidas pelo zinabre e saiu às pressas do estabelecimento, enquanto Ivan Graminsko dava uma risadinha de escárnio pra lá de esquisita.

Do lado de fora, Vandinsk enfiou o pão no bolso interno do seu casaco, fechou-o, subiu na bicicleta e pedalou às pressas, de volta pra casa.

Enquanto pedalava com esforço por entre a trilha aberta na neve, Vandinsk não pensou mais em chegar em casa tarde naquele dia, nem pensou muito menos chegar bêbado sem o pão preto com nozes. Alguma coisa aquele velho sabia que ele não sabia. Mas o que era que Ivan Graminsko sabia?

Finalmente, Vandinsk, chegou em casa. Subiu as escadas com dificuldade. Os anos de muitos de cigarros lhe pesavam agora. Abriu a porta e entrou, exausto. Vandinsk correu direto para o quarto.

Lá chegando, deu de cara com Gertrude, uma jovem alemã amiga de Yuliya. Ela estava ainda nua quando ele abriu a porta. Gertrude tinha um corpinho de fazer inveja a qualquer boneca de porcelana da corte de Luis XV. Seus peitinhos rijos apontavam para a parede, como que indicando o caminho mais provável que um homem devia subir quando estivesse sobre uma mulher daquelas.

Vandinsk olhou-a nos olhos procurando uma resposta para o que estava acontecendo. Contudo, seu olhar teimava se fixar na xoxota da jovem germana. Yuliya por sua vez, vendo o marido atônito, pediu-lhe para que não ficasse com raiva, pois Gertrude era a sua melhor amiga e que poderia ser dele também. Então, Yuliya pediu para que Gertrude confirmasse o que ela estava dizendo. A jovem, que ainda segurava seu vestido, balançou a cabeça confirmando que sim e ainda piscou o olho para Vandinsk que continuava confuso.

Ele sentou na beira da cama, tirou o chapéu de pele de urso com abas protetoras de orelhas, coçou a cabeça, olhou para Gertrude, ou melhor, para xoxota dela, depois para Yuliya e ficou pensando...

Yuliya levantou-se, saindo debaixo do grosso duvet recheado de penas de ganso, totalmente nua, engatinhou sobre o colchão até Vandinsk, retirou-lhe o casaco, entregou-o para Gertrude que o pendurou atrás da porta do quarto. A alemãozinha pegou o pão preto com nozes de dentro do bolso interno, deixou cair no chão o vestido que segurava e, nua, ela aproximou-se de Vandinsk e de Yuliya, abraçando os dois. Mas antes, a moçoila, arrancara dois nacos do pão e dera na boca de cada um e depois ela também se serviu da iguaria. Depois, Gertrude colocou o pão de lado, em seguida, baixou-se e começou a abrir o cinto e as calças de Vandinsk, enquanto Yuliya beijava o pescoço avermelhado do marido, que mais parecia o pescoço de um galo de briga siberiano.

Vandinsk estava entorpecido, mas seus pensamentos entravam e saiam da padaria de Ivan Graminsko. O que o velhote tentara lhe dizer? Ele continuava não sabendo a resposta e agora então...

As duas mulheres, finalmente o puseram completamente nu. Vandinsk parecia estar usando uma ceroula de carne. Puxaram-no para o meio da cama e começaram a fazer-lhe carícias por todo canto de seu corpo. Gertrude primeiro beijou Yuliya, depois desceu até a virilha de Vandinsk, que se contorceu feito uma toalha ensopada e espremida até o último esforço, ao sentir a boquinha bávara sugar-lhe o pau como quem chupa flocos de neve com groselha.

Vandinsk estava tão envolto pelo desejo, que nem notou a presença de Vladimir Vulka, o ajudante do velho Ivan Graminsko, que saiu de fininho de dentro do guarda roupas, nas pontas dos pés. Sempre que podia; Vulka tomava emprestado um casaco de Vandinsk, claro sem ele saber e depois o devolvia, sem Vandinsk saber também.

O mancebo, responsável pelo delicioso pão preto com nozes que Yuliya adorava, se escafedeu da casa, se livrando por pouco de ser vítima de uma tragédia de inverno, muito comum por aquelas bandas.

A partir dali, Vandinsk passou a comer Yuliya, Gertrude e o pão preto com nozes. Já Vladimir, passou a fazer mais pão preto com nozes, comer Gertrude e Yuliya todas as vezes que Vandinsk saia para comprar pão preto com nozes na padaria do senhor Ivan Graminsko, no centro de Gornika.


Aquele inverno ainda prometia!

3 comentários:

Anônimo disse...

ainda penso em um dia comer o tal pão preto... que promessas eu ei de ganhar?!... fico aqui agora imaginando... imaginando... imaginando...

Sandra Knoll disse...

que bafo!!!
e essa frase " que se contorceu feito uma toalha ensopada e espremida até o último esforço" me lembrou a vida de L de um post antigo meu.
Bj

Hélio Jorge Cordeiro disse...

Melhor que "...encolheu como uma lata de coca amaçada por um carroceiro reciclador!" rss