terça-feira, 18 de setembro de 2012

Quando ler nos descobrirmos ser outros























Acabei de devorar o livro de contos Cavalos do amanhecer, L&PM Pocket ( com tradução de Sergio Faraco, aliás, outro que devo ler, logo, logo), do escritor uruguaio Mario Arregui (1917-1985). É devorar mesmo, pois não levei mais que uma noite para fazê-lo e não fiquei saciado. Quis mais e mais e não havia mais. Até então, eu não tinha lido nada do referido escritor. Ao fazê-lo fui descobrindo um gosto pela narrativa gauchesca, que, anteriormente, havia experimentado com Jorge Luis Borges em La otra muerte.  Aliás, e a propósito, eu li em algum lugar que essa narrativa de Borges é uma traição a essa tradição, advinda de José Hernández com o seu Martín Fierro, por exemplo, mas isso é outro papo, pois não parei para ler a obra de Hernández para fazer um juízo sobre essa polêmica afirmação.

Arregui, um filho do campo, das coxilas uruguaias, sabia como ninguém nos falar das coisas desses lugares, assim como de seus indivíduos. Histórias que, ainda, povoam o imaginário do povo uruguaio - dos pampas rio-grandenses, também. De maneira até um pouco rebuscada, Arregui abre-nos  as porteiras de sua narrativa, por vezes de maneira mágica, lúdica, como em Lua de Outubro, e, ao mesmo tempo, crua, como em  A Vassoura da Bruxa - principalmente quando nos narra as peleias entre os “brutos” dos pampas de seu país - e, por fim, sem anestesia prévia, em Cavalos do amanhecer, conto que dá título a essa coletânea que acabo de ler.

Não sou a pessoa certa para falar de seu valor como literato. Existem profissionais, críticos que fazem muito bem esse trabalho, mas aqui me arrisco dizendo que fico feliz e gratificado por colocá-lo, a partir de agora, entre os mais importantes contistas do mundo.

Irei lê-lo mais e quantas vezes eu puder. Com isso, quero sugerir a todos vocês que deem uma olhadela em qualquer de seus contos – sugiro Os Ladrões. É magistral! Arregui, nesse conto, nos fala que a ignorância por vezes não é tão ignorante como pensamos que seja.  Como alguém já falou de seu trabalho: “ a narrativa de Arregui é de um lirismo urgente”

Quando puderem, puxem da cuia de Mario Arregui que ali tem erva boa.

 

2 comentários:

Anônimo disse...

Helinho, Chapecó está te transformando num taura destemido, xirú véio...

Hélio Jorge Cordeiro disse...

Bah, guri, num sai daqui antes de rasgar as esporas no dorso do meu crioulo, amarrar a prenda na guaiaca, nem de limpar a bomba de prata na cuia, apagando tição em brasa na palma da minha mão.