segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Literatura aplicada


Crônica de uma resenha positiva acerca de um infame literato burguês

Por Hélio Jorge Cordeiro

Nietsche morreu de fome. Mas jamais alguém disse isso. Morreu, porque nunca viveu de fato e, mesmo que tivesse vivido, não poderia morrer.

Tão ilusório quanto as barbas da princesa barbada, é o sujeito que tenta ser uma coisa que não está na sua essência como pessoa, mesmo aprendendo pelos cânones da mais pura e exemplar escola de letras existente no planeta.

O sujeito dedica anos de sua diminuta existência fabulando a ideia de ser escritor, poeta e afins, mas sem o mínimo de jeito ou pendor. Mesmo assim, esse sujeito de Deus arvora-se ao trato da escrita, como quem defeca ou mija todas as manhãs. Ilude-se, eleva a sua já tão pequena alma aos píncaros dos céus, quando não, ao panteão dos ilustrados seres que pululam os saraus literários, as resenhas críticas dos jornalecos diários e/ ou semanais das grandes cidades.

Mesmo vendo-se pequeno tal qual uma ameba, ainda assim, crê de pés juntos que é mesmo um escritor, poeta. O coitado não consegue ver sua vida se esvair como uma menstruação desregrada ou até mesmo, no caso dele, como uma diarreia sem limites, provocada por um pastel de camarão vencido depois de pescado no defeso.

Pobre criatura. Ínfimo destino será o dele, mas ele não o sabe e ainda existem pessoas - pessoas é a forma mais educada de falar - que lhe dão um salvo conduto para que esse completo idiota siga em frente com seu “destino”. Tudo porque a vida não vale uma página de um contista medíocre e sem muito zelo pela própria mediocridade.

Assim é Y.K. Watanabe. Nascido peruano, de descendência japonesa, distribuiu suas”obras” por Lima, São Paulo, Paris, Tóquio, Barcelona, Nova Iorque, Berlim e tantas outras cidades, cujas livrarias não passam de prostíbulos refinados, à cata de clientes ávidos por um tipo de satisfação de nome impublicável.

Obras publicadas:

Cerejeiras nuas (1968), O Senhor Yojiro e o baiacu verde (1973), Guerra no céu de Agosto laranja (1976), O Transistor nuclear (1974), O suicídio da senhora Nenji (1977), Sonhando com o menino de azul na casa de chá (1979), Nuvens brandas de Hiroshi (1980), A casa do ferreiro Kazuo (1982), O Derradeiro arroz do amor (1990), Bambu amargo (2008), O colibri de asas quebradas ( 2011); todas editadas pela Editora Shiatsu Koy.

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