UM CONTO QUASE DE NATAL
por Hélio Jorge Cordeiro
Pela rua deserta, ele caminhava solitário. Garrafa na mão e muitas desilusões sobre as costas. Divisou a alguns metros, sob a luz tênue do poste, um cão comendo alguma coisa não identificada.
Aproximou-se do animal e lhe perguntou:
- O que comes, cão?
O cão nem deu bola ao que ele lhe perguntara e continuou a comer. Novamente, ele perguntou:
- Oh, animal infeliz, o que estás a comer, miserável?
Então o cão levantou a cabeça e respondeu:
- Não sabes tu que hoje é Natal?
Ele ficou pensativo por alguns instantes e depois falou para o cão:
- É, eu sei que hoje é Natal, mas o que eu perguntei foi o que tu estás a comer com tanto apetite.
O cão, que havia voltado à sua mastigação, parou e disse:
- Pois eu vou te dizer - estou comendo as tuas melhores recordações, pois nem com elas, tu conseguiste te levantar dessa merda em que tu te meteste. Vou comê-las todas e não sobrará mais nenhuma para quando quiseres te lembrar delas. Aí, tu lamentarás ter nascido nesse dia, aliás, dia esse tão hipócrita e cínico de tua sociedade, que nem nós, cães, suportamos. É por isso, que estou comendo o que tu não deste valor nenhum. Agora cai fora que não posso parar, tenho mais lembranças, de outros idiotas como tu, pra comer ainda hoje.
O homem saiu, deixando para trás tudo que havia construído anos após anos.
Uma leve névoa tomou conta da noite e não se pôde ver mais, nem homem, nem cão, tampouco, nenhum sinal de que era Natal.
Pela rua deserta, ele caminhava solitário. Garrafa na mão e muitas desilusões sobre as costas. Divisou a alguns metros, sob a luz tênue do poste, um cão comendo alguma coisa não identificada.
Aproximou-se do animal e lhe perguntou:
- O que comes, cão?
O cão nem deu bola ao que ele lhe perguntara e continuou a comer. Novamente, ele perguntou:
- Oh, animal infeliz, o que estás a comer, miserável?
Então o cão levantou a cabeça e respondeu:
- Não sabes tu que hoje é Natal?
Ele ficou pensativo por alguns instantes e depois falou para o cão:
- É, eu sei que hoje é Natal, mas o que eu perguntei foi o que tu estás a comer com tanto apetite.
O cão, que havia voltado à sua mastigação, parou e disse:
- Pois eu vou te dizer - estou comendo as tuas melhores recordações, pois nem com elas, tu conseguiste te levantar dessa merda em que tu te meteste. Vou comê-las todas e não sobrará mais nenhuma para quando quiseres te lembrar delas. Aí, tu lamentarás ter nascido nesse dia, aliás, dia esse tão hipócrita e cínico de tua sociedade, que nem nós, cães, suportamos. É por isso, que estou comendo o que tu não deste valor nenhum. Agora cai fora que não posso parar, tenho mais lembranças, de outros idiotas como tu, pra comer ainda hoje.
O homem saiu, deixando para trás tudo que havia construído anos após anos.
Uma leve névoa tomou conta da noite e não se pôde ver mais, nem homem, nem cão, tampouco, nenhum sinal de que era Natal.
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