Gente, mais uma vez, surrupiei este seu excelente artigo do meu amigo Enzo Potel, na sua coluna Estado de Emergência, no Página 3 Expresso:
Ler Caçar Amar
Por Enzo Potel
(03/12/2013)
Eu
ganhei o “Desça, Moisés”, do Faulkner. Embora seja um livro de contos
interligados, suspeito que tenha uma extrema unidade, muito próximo de
uma experiência romanesca. Até agora só li O Velho Povo e estou lendo O Urso.
Eu ainda amo a versão menor do conto, que aparece no Uncollected
Stories, mas o Faulkner narrando uma caça é uma coisa mágica. Fico
pensando se eu deveria procurar outros autores no tema, mas percebo que a
visão que ele tem da vida e o jeito que ele embaralha as informações é
que apaixonam. Eu ainda acho que o ser humano perdeu a graça divina
sobre a Terra quando deixou de ser nômade, por isso esse contato com a
natureza mexe um pouco comigo. Tanto o Faulkner como a Blixen afirmam um
relação de amor e adoração por aquilo que se mata durante um safári ou
caçada – situação que nunca vivi, sentimento que só suponho que
compreendo. E eu já vi isso no argumento de outras pessoas: de que o
caçador corre em nosso dna e quando a gente caça um animal a gente se
reconecta com um algo perdido. Se você pensar que isso pode ser feito de
forma equilibrada – e ainda o é, pelas poucas tribos que existem no
nosso planeta –, e que os animais também tem o direito natural de nos
caçarem, ok. Se não, basta rezar pra reencarnar num planeta onde não
existam dentes.
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