terça-feira, 27 de maio de 2014

O monólogo interior ou fluxo de consciência































Pessoal, eis aqui um exemplo de monólogo interior, técnica empregada por autores como Virginia Woolf, James Joyce, William Falkner e aqui Autran Dourado, Clarice Lispector, entre outros. Esta forma de narrar, tem sido perseguida por muitos autores , mas nem todos conseguem entrar profundo na psiqué de seus próprios personagens. Esse assunto, veio à tona, à baila, como queiram, porque andei analisando minhas formas de escrever. Nos meus livros já editados e mesmos nos por ainda editar, eu faço pouco uso dessa “técnica”, talvez por ser mesmo difícil, mas também porque eu prefiro revelar o “sujeito interior de meus personagens”, através de suas ações e diálogos, só que este último é, de forma geral, passível de falácias, tanto quando saídos da bocas dos personagens, quanto de nossas próprias bocas.


Bom, aqui está um exemplo, que extraí do Wikipédia para vocês:


Virginia Woolf - “Such fools we are, she thought, crossing Victoria Street. For Heaven only knows why one loves it so, how one sees it so, making it up, building it round one, tumbling it, creating it every moment afresh; but the veriest frumps, the most dejected of miseries sitting on doorsteps (drink their downfall) do the same; can't be dealt with, she felt positive, by Acts of Parliament for that very reason: they love life. In people's eyes, in the swing, tramp, and trudge; in the bellow and the uproar; the carriages, motor cars, omnibuses, vans, sandwich men shuffling and swinging; brass bands; barrel organs; in the triumph and the jingle and the strange high singing of some airplane overhead was what she loved; life; London; this moment of June.” (Projeto Gutemberg Austrália, 1925 pay 1. acesso em 26 abril 2013)


Tradução: “Como a humanidade é louca, pensou ela ao atravessar Victoria Street. Porque só Deus sabe porque amamos tanto isto, o concebemos assim , elevando‑o, construindo‑o à nossa volta, derrubando‑o, criando‑o novamente a cada instante, mas até as próprias megeras, as mendigas mais repelentes sentadas às portas (a beberem a sua ruína) fazem o mesmo; não se podia resolver o seu caso, ela tinha a certeza, com leis parlamentares por esta simples razão: porque amam a vida. Nos olhos das pessoas, no movimento, no bulício e nos passos arrastados; no burburinho e na vozearia; os carros, os automóveis, os ónibus, os camiões, homens‑sanduíches aos encontrões, bamboleantes; bandas de música; realejos, no estrondo e no tinido e na estranha melodia de algum aeroplano por cima das nossas cabeças, era o que ela amava, a vida, Londres; este momento de Junho. Porque era em meados de Junho.” (Mrs. Dalloway, 1925, trad. port. Lisboa, Ulisseia, 1982, pp.5-6)


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