sábado, 18 de agosto de 2012

Começos de narrativas 3














Genteminha, cá está mais um escrito que, tal qual alma sem rumo, se apresenta à procura de uma vida plena com meio e fim.
Lá vai:

"Conheci Cecília Fanguetto quando ela se apresentou no teatro Vasquez, em Abril de 1958, num recital para poucas pessoas da sociedade de Cádiz.  Sua voz suave e límpida era como o som de um regato longínquo dos Alpes. Olhar de calmaria, nos observava a todos no salão principal do velho e decrépito teatro, que, mais tarde, seria demolido.

Fim da apresentação. Aplausos contidos, mas intensos. Corri para cumprimentá-la. Espremi-me por entre um grupelho de senhoras, criaturinhas beneméritas que fariam suspirar qualquer alcaide ou bispo e, finalmente, alcancei-a. Suava, mas mal se podiam ver as gotículas salgadas a escorrer-lhe por sobre a pele delicada. Olhou-me sorrindo. Aproximei-me  – “Eu sou Elizabeth Dalton. Sou sua fã. Adoro sua voz.” – eu disse. Ela, puxando-me pelo braço, arrastou-me para dentro do camarim e, trancando a porta atrás de nós, confirmou tudo aquilo que seus olhares em minha direção, na sua performance, queriam dizer... Beijou-me como nenhum homem havia feito até então."

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