quarta-feira, 20 de julho de 2011

Vegetarie até quando puder



















Os vegetais e as hortaliças sempre lhe causaram fascínio. O pimentão, por exemplo, qualquer que fosse a cor, imprimia em seus pensamentos gozos inimagináveis. O chuchu, este, era como se fosse um amigo longínquo, que sempre que podia lhe mandava conselhos pertinentes, por vezes causando-lhe medo, mas um medo aceitável, reconfortante. As alfaces, assim como, as demais folhas, eram influentes em qualquer situação em seu dia a dia; manhãs, tardes e noites, inclusive nas madrugadas. Vou direto ao assunto, para não estendermos mais a lista de seus amigos e confidentes vegetais. Um dia, ele estava regando uma plantação de cebolinhas quando viu chegar ao portão de sua casa uma bela jovem; tez amorenada, olhos castanho claros, cabelos castanhos escuro. Não era muito alta, mas tinha uma estatura mediana, típica do brasileiro. Ela acenou para ele que, imediatamente limpou as mãos no macacão de brim e foi ao encontro dela. A jovem se apresentou e disse que era sobrinha de um amigo dele; o Bertoldo. Ele sorriu e perguntou com ele estava e se ainda tinha a quitanda na Avenida Central. Ela confirmou. Ele sorriu,mas se deu conta que não a havia convidado a entrar. Pediu desculpas pela indelicadeza e a convidou, por fim. Abriu o portão e a jovem entrou. Ele logo se ofereceu a carregar uma pequena valise que ela trazia consigo. Ela sorriu e lhe cedeu a valise. Os dois entraram.

Ele a colocou confortável no sofá. Ofereceu-lhe um suco de beterraba com limão que ela adorou. Os dois conversaram sobre várias coisas, principalmente, sobre os vegetais e suas influencias na vida dos homens. Ela falou que iria passar apenas uma semana ali com ele, para aprender a cuidar dos vegetais e de saber de suas propriedades. Os dias se passaram e depois de fazer muitas anotações e de experimentar de tudo, nas diversas refeições, ela resolveu na noite em que antecedia sua partida, oferecer-lhe algo como forma de agradecimento. Ele disse que não era preciso, pois o Bertoldo era uma lenda no que se tratava de vegetais e tais.

Depois do jantar, que ela amou; abobrinhas recheadas de ervilha e creme de cebola com mostarda no forno, os dois deram boa noite e foram para os seus respectivos quartos. Lá pelas tantas, enquanto ele sonhava com alguma berinjela deslumbrante e arredia, ele ouviu três toquezinhos na porta de seu quarto e em seguida um ranger quase inaudível da porta se abrindo. Foi quando ele acordou de fato. Abriu os olhos e viu a beira de sua cama, a jovem, completamente nua. “Sem casca alguma”, poderia ele falar se lhe tivessem perguntado. O corpo esbelto e moreno refletia na luz tosca de um poste, que ficava em frente a casa. A luz atravessava a janela do quarto dele, indo até um canto de sua cama, revelando-a.

Ela deitou-se ao seu lado. Não demorou, os dois se abraçaram, se beijaram, fizeram sexo de forma selvagem. De forma daninha, diria ele. Depois de muitas idas e vindas, gritos, sussurros e gemidos, ele por fim relaxou. O dia estava quase dando a graça de sua presença. Ele deixou-se cair pesadamente para o lado. Ela virou-se e ficou a olhá-lo. Ele vendo que ela o estava observando, virou-se em sua direção. Respirou fundo e disse: “Você sabia que não me lembro da última vez que eu comi carne? – Ela sorriu e disse com uma vozinha de semente: “Eu também não. Pode comer à vontade que não faz mal.”

4 comentários:

Anônimo disse...

vou ser obrigado a citar ele, o Rei, Roberto Carlos: "Pode até me beijar, pode me lamber que eu sou dietético."

Hélio Jorge Cordeiro disse...

Volta e meia a gente precisa entrar na carne, né mesmo, Damo?

mauro camargo disse...

mas com essa onda de mulheres ecológicas que anda por aí... melancia, melão, morango... parece que fica cada vez mais difícil de encontrar uma picanha...

Hélio Jorge Cordeiro disse...

Eu o que venho afirmando, Mauro, mas ninguém quer me ouvir! rsrsrs