segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Agora vai! Uma amostra grátis do que vem aí!




























Pessoal, aqui vai um trechinho do livro enquanto não chega o dia 30 de Outubro, a nova data para o seu lançamento. Agora vai!
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"(...) A viagem transcorreu sem maiores atropelos. Somente um pneu furado; a troca do escape, que havia se escangalhado logo nos primeiros 200 km. O que mais me deixou estressado foi a falta de gasolina, num trecho em Minas Gerais. Isso foi o mais difícil, pois me fiei na economia que meu carro fazia. Era um Fiat Pálio. Achei que daria para reabastecer mais alguns quilômetros na frente. Grande erro o meu. Fiquei sem combustível, parado no acostamento de uma rodovia cujo asfalto era apenas uma lembrança do passado. Tive que pegar uma carona com um caminhoneiro que me deixou no posto mais próximo. Conversei com o gerente do posto para ele me levar de volta ao meu carro com a gasolina necessária para retornar ao seu posto. Depois de muita conversa e uma grana extra pelos serviços, o mineiro aquiesceu e partimos no carro dele, um Jeep, até onde o meu carro estava.
Já estava perto de escurecer. No caminho, sentado ao seu lado, vi que ele levava na cintura um revólver. Acho que era um 38. Ele notara que eu havia visto a arma em sua cintura e disse-me com seu sotaque carregado:
– O senhor tem muita sorte, pois praquelas bandas onde tá o seu carro tem muito assalto, sô.
Eu apenas respondi com um:
– Puxa!
Depois disso, ele ficou em silêncio. – Coisas de mineiro! – pensei.
Finalmente, chegamos ao local onde estava o meu carro. Encostamos atrás dele. Descemos. O mineiro, carregando um galão de gasolina e uma mangueira de plástico, e eu, carregando comigo maus pensamentos. O mineiro continuou a conversa tempos depois.
– É uma quadrilha.
– É mesmo? – eu disse tentando entender de que se tratava da continuação de nossa conversa da estrada.
– Eles já deixaram muito defunto espalhado ao longo dessa estrada. Sabia?
– A quadrilha?
– An-ran.
– Puxa, vida! – disse eu engolindo em seco.
Isso ele me contava, enquanto colocava a gasosa pra dentro do tanque do meu carro.
O pior é que eu achei que o mineiro, ao puxar a gasolina pelo cano de plástico, aproveitava pra tomar umas goladas do combustível. É que ele repetia isso a todo instante. Ele notou que eu o observava atentamente.
– Tá sem puxo. – justificou-se.
Acho que era impressão minha. Vai ver tava sem “puxo”, mesmo. Confesso que tremi ao escutar sobre os assaltos e, mais ainda, quando achei que o sujeito fosse parte da tal quadrilha.
– Pronto, chefe. – disse ele.
– Acabou? – perguntei, aliviado.
– Já. Agora é só completar lá no posto.
Ele aproveitou pra acender um cigarro. Eu me apavorei e me afastei dele mais que depressa, achando que o sujeito ao riscar o fósforo iria pros ares levando-me com ele!
– Êta, o que foi, o moço não gosta de cigarro? – perguntou ele na maior tranquilidade, segurando o palito aceso na mão.
Eu já estava na direção do meu carro pronto para cair fora antes que o maluco pusesse fogo em nós dois.
Finalmente, saímos dali. Chegamos ao posto, enchi o tanque, paguei a gasosa e a gorjeta e me mandei o mais rápido que pude, com medo de que o sujeitinho fosse o chefe dos bandidos e resolvesse explodir o posto.(...)"

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