Pessoas, vejam que artigo
interessante eu surrupiei do blog do Luís Nassif - agora eu dei pra isso! -. A nossa fissuração pelo progresso e pela vida fácil, dentro da cidades, pode estar
nos levando a loucura - se é que já não somos um bando de piradinhos. Então, desse modo, só nos resta despertar o Napoleão
que existe dentro de nós, sem medo, pois ninguém vai notar. Hehehe! Hahaha!
Enviado
por luisnassif, ter, 30/10/2012 - 10:37
Por Marco Antonio L.
Da Deustche Welle
Lydia
Heller
Estudos
indicam que pessoas que nasceram e cresceram em centros urbanos são mais
propensas a transtornos mentais. Nova área do conhecimento, o neuro-urbanismo,
pode ajudar a melhorar o planejamento das grandes cidades.
Barulho,
trânsito, lixo, pessoas apressadas e se empurrando por todos os lados – a vida
nas grandes cidades é estressante. Mas as perspectivas de um emprego melhor, um
salário mais alto e de um estilo de vida urbano atraem cada vez mais pessoas às
cidades. Se há 60 anos menos de um terço da população mundial vivia em cidades,
hoje mais da metade mora em centros urbanos. Até 2050, a estimativa é que essa
cota atinja 70%.
"Com
o aumento das populações urbanas, o número de distúrbios psíquicos também tem
aumentado em todo o mundo", alerta Andreas Meyer-Lindenberg, diretor do
Instituto Central de Saúde Mental de Mannheim. "Somente a depressão custa
aos cidadãos europeus 120 bilhões de euros por ano. O custo de todas as doenças
psíquicas juntas – incluindo demência, ansiedade e psicose – ultrapassa o
orçamento do fundo de resgate do euro. A frequência e a gravidade dessas
doenças costumam ser subestimadas", afirma.
Solidão
e doenças
Em
2003, psiquiatras britânicos publicaram um estudo sobre o estado psicológico
dos moradores do bairro londrino de Camberwell, uma área que teve um grande
crescimento desde meados da década de 1960. Entre 1965 e 1997, o número de
pacientes com esquizofrenia quase dobrou – um aumento acima do crescimento da
população.
Na
Alemanha, o número de dias de licença médica no trabalho relacionada a
distúrbios mentais dobrou entre 2000 e 2010. Na América do Norte, recentes
estimativas apontam que 40% dos casos de licença estão ligados à depressão.
"Nas
cidades pode acontecer de as pessoas não conhecerem seus vizinhos, não
conseguirem construir uma rede de apoio social como nas vilas e pequenas
cidades. Elas se sentem sozinhas e socialmente excluídas, sem uma espécie de
rede social de segurança", observa Andreas Heinz, diretor da Clínica de
Psiquiatria e Psicoterapia no hospital Charité, em Berlim.
Quase
não existem estudos consistentes sobre a influência do meio urbano no cérebro
humano. Mas pesquisas com animais mostram que o isolamento social altera o
sistema neurotransmissor do cérebro. "Acredita-se que a serotonina é um
neurotransmissor importante para amortecer situações de risco. Quando animais
são isolados socialmente desde cedo, o nível de serotonina diminui drasticamente.
Isso significa que as regiões que respondem a estímulos ameaçadores são
desinibidas e reagem de maneira mais forte, o que pode contribuir para que o
indivíduo desenvolva mais facilmente distúrbios de ansiedade ou
depressões", diz Heinz.
Até 2050, 70% da população mundial
viverá em cidades grandes, segundo estimativa.
A
vida urbana transforma o cérebro
Um
dos primeiros estudos feitos com seres humanos parece confirmar essa suposição.
Com ajuda de um aparelho de ressonância magnética, a equipe do psiquiatra
Andreas Meyer-Lindenberg analisou o cérebro de pessoas que cresceram na cidade
e de pessoas que se mudaram para a cidade já adultos.
Enquanto
os voluntários resolviam pequenas tarefas de cálculo, os pesquisadores os
colocavam sob pressão, por exemplo criticando que eles eram muito lentos,
cometiam erros ou que eram piores que seus antecessores.
"Olhamos
especificamente para as áreas do cérebro que são ativadas quando se está
estressado – e que também têm um desenvolvimento distinto, dependendo da
experiência urbana que a pessoa teve. Especialmente as amídalas cerebelosas
reagiram ao estresse social, e de maneira mais intensa quando o voluntário
vinha de um ambiente urbano. Essa região do cérebro está sempre ativa quando
percebemos algo como sendo uma ameaça. Elas podem desencadear reações
agressivas que podem gerar transtornos de ansiedade", explica Meyer-Lindenberg.
Além
disso, quem cresceu na cidade grande apresentava, sob estresse, em regiões
específicas do cérebro, uma atividade semelhante à apresentada por pessoas com
predisposição genética para a esquizofrenia.
Pesquisa
melhora planejamento urbano
Em
todo o mundo, as cidades estão crescendo muito e se transformando. "Mas
não existem ainda dados significativos de como uma cidade ideal deve ser quando
se leva em consideração a saúde mental de seus habitantes", observa
Meyer-Lindenberg.
Por
isso, o especialista desenvolveu, em colaboração com geólogos da Universidade
de Heidelberg e físicos do Instituto de Tecnologia de Karlsruhe, um dispositivo
móvel que pode testar voluntários em diversos pontos de uma cidade. Assim, os
pesquisadores podem testar o funcionamento do cérebro em lugares e situações
diferentes, como num cruzamento ou num parque.
Planejamento de cidades deve levar em
conta influência do estresse urbano no cérebro, dizem especialistas.
Juntamente
com posteriores análises do cérebro dos voluntários, os pesquisadores esperam
obter dados mais concretos de como o cérebro processa os diferentes aspectos da
vida cotidiana nas cidades.
Os
resultados dessa pesquisa poderão ser de grande valor para a arquitetura e o
planejamento urbano, afirma Richard Burdett, professor de estudos urbanos da
London School of Economics. Para ele, o neuro-urbanismo, uma nova área do
conhecimento que estuda a relação entre o estresse e as doenças psíquicas, pode
ajudar a evitar a propagação de doenças psíquicas nas cidades.
"Planejadores
urbanos precisam ter em mente que devem encontrar o equilíbrio entre a
necessidade de organizar muitas pessoas em pouco espaço e a necessidade de se
criar espaços abertos", acrescenta.
"As
pessoas precisam ter acesso a salas de cinema, encontrar-se com amigos e
passear nas margens dos rios. Hoje esses aspectos são, muitas vezes, ignorados
quando novas cidades são planejadas na China ou na Indonésia. Os arquitetos se
preocupam com as proporções e as formas, e os urbanistas, com a eficiência do
transporte público. Mas muitas vezes não temos ideia do que isso faz com as
pessoas."
Autora: Lydia Heller (mas)
Revisão: Marcio Damasceno
Revisão: Marcio Damasceno