segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

A inevitável certeza!


























Como falar de uma coisa se a gente ainda não a vivenciou? Talvez observando ao nosso redor, aproveitando aquelas pessoas que tiveram essa oportunidade. Claro que não é a mesma coisa de quando a gente mesmo experimenta. Tem um sabor muito mais interessante do que quando alguém nos fala a respeito, apesar de termos uma imaginação extraordinária, coisa que nenhum outro animal no planeta tem. A imaginação, como todos sabem é uma faculdade exclusiva do bicho homem. Pelo menos é o que se acredita até agora...

Bom, do que estou falando? Na verdade, esse é um tema um tanto tabu, principalmente para aqueles indivíduos supersticiosos. Eles diriam: “Porra, isso é lá assunto pra se conversar?!” E diria outro: “Êpa, se é pra falar disso, tô fora, irmão!”

Confesso que, quando fui convidado a falar acerca desse tema, para uma edição do Caderno Literário Clap, fiquei um tanto incomodado. Nem dei uma resposta de imediato, não, desconversei. Tentei mudar de assunto. Nem disse sim, nem disse não. Deixei quieto.

Só agora é que decidi tomar coragem para falar sobre a morte. É, é ela sim. A morte! Essa única verdade que ao nascer o homem carrega com ele por toda a sua existência. Como disse um amigo: “... a cada minuto que passa nos aproximamos dela.” A morte é a inevitável certeza! A carne some e, sumindo, vai-se com ela a vida e indo a vida, concretiza-se a morte em toda sua plenitude.

Para muitos povos, a morte é tratada a pão-de-ló, enquanto para outros, é só falar dela que tem gente se benzendo, fazendo careta, pulando de costas, batendo na madeira três vezes e por aí vai. Eu, particularmente, não fico muito à vontade falando desta senhora. Tenho lá minhas diferenças com ela. Até porque ela já andou levando muita gente boa e próxima a mim pro seu moquiço eterno. Não sei, e nem quero pensar, mas agora sou forçado a fazê-lo, mais pelo desafio proposto. Não acredito na afirmação de que vamos para um lugar melhor do que a merdinha de lugar onde vivemos. Todavia, quem poderá dizê-lo? Quem poderia, não pode dizer mais nada, pelo menos eu acho.

Os que acreditam que esse lugar existe, como os espíritas, afirmam que: os que foram para lá contam de suas experiências e dizem que “vivem” numa boa. Num sei não, pode até ser. Pelo que andei vendo por ai, esses desencarnados, como são chamados, parecem viver mesmo numa boa, pois sempre reparei que, ao se comunicarem, eles parecem estar drogados. Como assim?! Perguntaria você que está me lendo agora. Explico: quando vemos numa mesa, em um centro espírita, um grupo de pessoas se comunicando com os que já se foram, eles, ao ser argüidos pelos vivos, respondem sempre com vozes arrastadas, como se eles tivessem fumado um baseado ou coisa parecida: ”Irmããooooo!” “Vocêêêê estááá beeeemmm?” “Siiiiiimmmmm!” Num sei, vou evitar comentar mais sobre isso, pois logo vão querer cair de pau em cima de “moi”. Vai de cada um acreditar ou não.

Bom, como ia dizendo, há lugares no planeta, que dão ênfase à morte, como se ela fosse uma dádiva divina, contudo, essa mesma sociedade não dá o devido valor à vida, pois se matam como quem toma banho no verão. Já outros, dão mais valor à vida do que à morte, criando uma aura malévola para ela, amedrontando todos com histórias e mitos de fazerem arrepiar qualquer carpete da Tabacol. Nos dias de hoje, no Brasil, por exemplo, a banalização da morte é evidente, pois a vida não tem valor algum. Assim, para grande parte das populações miseráveis, ao redor do mundo, a perspectiva da morte é mesmo uma coisa banal, nada importante. “Vou morrer mesmo!” Afirmam os jovens traficantes, como quem chupa picolé na beira da praia num dia de sol escaldante.

Para mim, não gosto muito desse assunto, pois sou um indivíduo que, mesmo sabendo das agruras do mundo ao meu redor, não quero saber desse papo deprê. Nasci para morrer? Sim, isso eu sei, mas não fico pensando nisso. Confesso que o fazia quase todo o tempo, na minha infância e adolescência. Acho que era porque eram tempos de questionamentos. Depois, já maduro, passei a evitar o assunto. Até a alguns dias atrás, quando dois sujeitos “mui amigos”, - os dois escritores e poetas, - me vendo feliz da vida, alegre sorridente, resolveram virar “estraga prazeres”, me fazendo um convite para escrever sobre quem? Ela, a morte. Agora pensem bem: esses gaiatos não podiam ter me convidado para falar de putaria? Não tinham outro tema mais interessante como, por exemplo: falar de bebidas, comidas exóticas, lugares paradisíacos, como as praias do meu querido Pernambuco? Não! Foram logo me chamar pra escrever sobre isso... Ah, deixa pra lá. Quando começarem a escrever sobre o assunto, eles também vão passar pelo mesmo problema que eu, tenho certeza, tanto quanto a morte que nos aguarda a todos!

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