sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015
Cuidado! Em 2016, a Bernunça vai estar solta em Itajai!
Pessoal, já esta escolhido o tema para o Carnaval de 2016 do Bloco Anarco Carnavalesco Filhos de Maria do Cais: Bernunça o meu coreto! Esta ilustração é apenas um layout, a arte final focará a cargo do artista plástico itajaiense, Sebastião Paulo do Aragão Oliveira, ou apenas Seba, como o artista é conhecido. Vamos tocando a vida enquanto isso, porque, depois, a Bernunça vai vais estar solta.
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015
E viva a picardia!
E viva a picardia!
por Helio Jorge
Cordeiro
Os preparativos para a
festa dos Filhos Bastardos de Alzirinha estavam se efetivando. Em
Pedra dos Anjos, naquele ano, não haveria festa de qualquer jeito ou
maneira. Estava decidido por decreto. Doutor Epaminondas Quero-Quero,
o alcaide, decidiu não colaborar com o único movimento festivo
existente na vila no dia de Santo Carnobal, padroeiro dos pobres e
dos desamparados do lugar.
- Doutor Epaminondas,
mas trata-se de um movimento cultural e que pode dar pra vila um
“up”, como diz os gringos! - disse dona Guadalupe, esposa de
Alfredo Zacarias, dono da farmácia e diretor da única escola da
vila.
- Nem pensar, dona
Guadalupe! - retrucou o velho empresário e prefeito de Pedra dos
Anjos, com a empáfia que o fizera prefeito por mais de seis
legislaturas no pequeno lugarejo.
- Sabia que o filho do
Coronel Odemário do Gás é um dos organizadores da festa? - falou
Alfredo.
- Não, Odemário tá
gagá e não domina os filhos depravados que tem! Eu só sei que
Alzira foi uma dessas mulherzinhas da vida em Caçambas e que depois
veio pra Pedra, até então um lugar de mulheres de virtudes! Uma
devassa, é o que ela foi! E ainda querem que o meu munguzá apoie
essa festa em homenagem àquelazinha?! - disse, bravo, doutor
Epaminondas, fumando o seu charuto.
Nisso, entrou o amigo
de Epaminondas, aliás seu braço direito, porque doutor Epaminondas
não tinha o esquerdo. Perdera-o numa disputa de braço de ferro,
anos antes, quando era apenas um caixeiro viajante que aportara em
Pedra, quando a vila era apenas um lugarzinho onde só havia meia
duzia de romeiros famintos a caminho do oiteiro de São Esperimião,
cidade onde tudo acontecia. Pois então, o recém-chegado, doutor
Artigas de Albuquerque, fora coroinha em Juazeiro; tinha ido estudar
advocacia na capital, mas, sabe-se la o destino, nunca terminara o
curso. Havia denuncias de que o sujeitinho tinha ficado com os
recursos do Conselho de Estudantes da escola onde havia tentado obter
o canudo, que nunca foi mostrado. Mas isso nunca mais foi comentado
ou divulgado em Pedra dos Anjos. Pois bem, Artigas sentou-se e, para
variar, ficou ao lado direito do prefeito.
- Meu chefe, acho que
devemos pensar em apoiar esse pessoal! - disse com a vênia própria
dos puxa sacos.
- Ora, Artigas, só
faltava você agora com essa sandice! - disse o velho.
- Não custa nada
colocar uma barraca com o seu munguzá e fornecer algumas cumbucas
pros músicos e adeptos dos Filhos Bastardos de Alzirinha... -
sugeriu Alfredo, como quem pede ao pai para ficar até meia noite na
zona.
- Não! Principalmente
aqueles vagabundos, que não fazem mais que tocar aquelas musiquinhas
de merda! Até tuas filhas, Alfredo, eu soube estão ajudando essa
depravação! Logo a Olguinha de Jesus, que eu pensei que poderia se
tornar minha nora! - grunhiu o velho.
- Num fale isso,
doutor! Olguinha foi até candidata a Miss Pedra dos Anjos! - disse
um tanto acanhada dona Guadalupe, segurando um terço que havia sido
presente de casamento de Dom Boacasa, o bispo, cuja família mandava
na região havia mais de um século.
- Sabiam que o Bocaiuva
vai apoiar? - falou Alfredo, como quem não quer nada e querendo
tudo.
- O quê?! - falaram ao
mesmo tempo os demais, no terraço da casa grande, herança de mais
de cinco gerações dos Quero-Quero, os maiores produtores de munguzá
da região.
- O Bocaiuva da
Canjica? - perguntou dona Guadalupe, com uma surpresa de fazer rosar
as bochechas de Hipócritas, o grego.
- Sim. - disse Alfredo
e continuou – Chega no dia da festa e vai ajudar com uma
substancial quantia de canjiquinha pra todo mundo!
- Hummm... - resmungou
o prefeito, coçando as partes de baixo e continuou – Sabia que
tinha o dedo do Bocaiuva!
Todo pessoal do teatro
tá com eles! - disse dona Guadalupe.
- Esses então...!
Gentinha cubana! - disse o coronel, cuspindo em seguida, numa
escarradeira ao seus pés, digo, botas.
- Cubanos são os
médicos, doutor! - lembrou dona Guadalupe.
- São tudo farinha da
mesma garrafa! - esbravejou o alcaide.
Uma pausa foi dada e a
expectativa tomou conta de todos naquela reunião...
- Vocês sabem que o
meu munguzá existe ha mais de oitenta anos... Tem um nome a zelar! -
falou o prefeito dando uma tragada no seu charuto.
- Sim, claro, doutor.
Magina colocar seu munguzá numa coisa dessas, tão profana...- falou
Artigas.
Alfredo e dona
Guadalupe ficaram calados, enquanto o doutor Epaminondas Quero-Quero
coçava mais uma vez as partes de baixo.
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