Pessoal, aqui vai a resenha que o escritor e poeta luso-brasileiro, Silvério da Costa, escreveu para o “O SUICIDA”, na sua coluna semanal, FRONTE CULTURAL, do Jornal Sul Brasil de quinta-feira 12 de Agosto de 2010.
“O Suicida” é um livro cujo narrador e protagonista principal faz uma viagem “regressiva”, pós-morte, não digo escatológica, mas quase, para tentar desvendar o motivo que o teria levado ao suicídio. Acompanhar a trajetória do narrador, portanto, é a melhor maneira de se saber aonde o autor que chegar.
O escritor Hélio Jorge Cordeiro criou-o para falar dos encontros e desencontros da vida, de forma sardônica e cheia de malicia, escancarando o embate entre a realidade e o caráter hipócrita de uma sociedade, representada pelo microcosmo familiar, vítima, ou refém, das circunstancias.
A multiplicidade de assuntos, independentemente do espírito sério que lhe queiram dar as referencias contextuais, mostra, sem subterfúgios, que o real, às vezes, dá lugar à ficção, instaurando um clima fantástico e enigmático, elaborado, não por acaso, na primeira pessoa do singular.
Hélio Jorge Cordeiro, que está de malas e cuia prontas para morar em Chapecó, é um autor que tem o domínio das técnicas narrativas e faz uma literatura sem esquinas e sem pesadelos, com os ingredientes do dia a dia.
A sua capacidade de transfigurar fatos reais em ficção, e vice-versa, é altamente proficiente. Ele sabe como dedilhar, de forma hilária, as peripécias do cotidiano, exorcizando do alforje do tempo, tudo que pode, fundindo e temperando acontecimentos, criando assim, algo que lembra muito o "Memórias Póstumas de Brás Cuba". Parabéns!"