quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Ler Caçar Amar

























Gente, mais uma vez, surrupiei este seu excelente artigo do meu amigo Enzo Potel, na sua coluna Estado de Emergência, no Página 3 Expresso:

Ler Caçar Amar

 Por Enzo Potel 
(03/12/2013)

 Eu ganhei o “Desça, Moisés”, do Faulkner. Embora seja um livro de contos interligados, suspeito que tenha uma extrema unidade, muito próximo de uma experiência romanesca. Até agora só li O Velho Povo e estou lendo O Urso. Eu ainda amo a versão menor do conto, que aparece no Uncollected Stories, mas o Faulkner narrando uma caça é uma coisa mágica. Fico pensando se eu deveria procurar outros autores no tema, mas percebo que a visão que ele tem da vida e o jeito que ele embaralha as informações é que apaixonam. Eu ainda acho que o ser humano perdeu a graça divina sobre a Terra quando deixou de ser nômade, por isso esse contato com a natureza mexe um pouco comigo. Tanto o Faulkner como a Blixen afirmam um relação de amor e adoração por aquilo que se mata durante um safári ou caçada – situação que nunca vivi, sentimento que só suponho que compreendo. E eu já vi isso no argumento de outras pessoas: de que o caçador corre em nosso dna e quando a gente caça um animal a gente se reconecta com um algo perdido. Se você pensar que isso pode ser feito de forma equilibrada – e ainda o é, pelas poucas tribos que existem no nosso planeta –, e que os animais também tem o direito natural de nos caçarem, ok. Se não, basta rezar pra reencarnar num planeta onde não existam dentes. 

Nenhum comentário: