sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

São Paulo, uma cidade degradada


















Há muito tempo que a cidade de São Paulo está decadente.

Degradados desde um bom tempo, alguns pontos do centro da capital paulista parecem cenários dignos de filmes como Blade Runner; prédios com alguma beleza arquitetônica encontram-se em ruínas e/ ou pichados; calçadas que outrora exibiam desenhos em pedras portuguesas, estão esburacadas e irregulares, verdadeira armadilha para cegos ou não; postes de concreto que nada têm a ver com o visual geral enfeiam o que já está em petição de miséria. Sem falar dos prédios abandonados, muitos deles por pendengas judiciais com INSS ou outros órgãos governamentais.

Enquanto vemos algumas cidades, do porte e da importância da paulicéia, com uma política séria de revitalização, a cidade dos paulistanos vive (ou morre) sem que sejam tomadas medidas sérias para reverter o quadro tétrico em que a mesma se encontra. Um descaso.

O comércio desordenado toma conta de suas ruas e de alguns espaços centrais e históricos, sem que se faça nada para ordená-los e restaurá-los da maneira correta, como manda a lei. Nem falo das áreas das ruas do Triunfo, Vitória, entre outras que abrigam os dependentes de crack e a prostituição escancarada. O que sobra? Só as áreas mais nobres como os Jardins, que atendem a uma parcela da população, a mais abastada. Os edifícios da Paulista, por exemplo, estão todos em boas condições de aparência já que são novos, atendendo às demandas das chamadas elites. Eles são o do Itaú Cultural, o do Funcef Center, o da Fiesp, o do CityBank, Conjunto Nacional, e o do Masp. Estes são todos projetos de conhecidos e importantes arquitetos. No meu entender, o centro que é o espaço democrático de toda a cidade e que deveria servir a todos, independentemente de classe social, está jogado à própria sorte. O centro dos paulistanos foi abandonado ao “deusdará”. Por que será? A quem interessa esta situação de degradação? À nova especulação imobiliária?

Eu lamentei ver lindos prédios como o edifício Martinelli nas condições em que se encontram. De cor rosada, uma lindeza! Se dessem um jato de areia nele, o mesmo poderia ser fotografado diariamente pelos próprios paulistanos, sem falar nos turistas que visitam a cidade. Um verdadeiro cartão postal. Além desse marco da arquitetura pujante da locomotiva do Brasil, existem tantos outros menores, mas que exibem formas arquitetônicas singulares merecedoras de cuidados que poderiam ser restaurados e colocados outra vez para embelezar a cidade. Não, eles estão abandonados, sujos. Quiçá à espera de uma demolição, que é a maneira “indolor” de não se preservar a história de um povo, de uma sociedade, de um tempo na história de uma grande e importante cidade. Lamentável o ponto a que chegou São Paulo.

Pelo menos eu ainda tenho na minha memória o visual da São Paulo dos anos 60 e 70, mas os mais novos, o que terão?

2 comentários:

Dé Costa disse...

Antes de qualquer análise sobre qualquer cidade brasileira é preciso entender que a cidade capitalista possui como uma das principais características a segregação espacial. Essa segregação origina-se das ações dos agentes modificadores do espaço: são agentes fundiários, o Estado, industriais, dentre outros. Essa segragação está sempre presente e influencia nas inter-relações entre os indivíduos. Milhares de trabalhos científicos no campo da Arquitetura e Urbanismo revelaram que semelhante convive com semelhante.... LEIAM MAIS NO MEU BLOG! OBRIGADO

Hélio Jorge Cordeiro disse...

Dé, valeu pela visita e leitura de meu blog. Muito elucidativo o seu texto em resposta ao meu, que foi apenas uma visão saudosista do velho urbanismo clássico.
Abração
Hélio