quarta-feira, 11 de agosto de 2010

1ª Mesa Posta de Ideias Prontas















Gostaria de reproduzir como foi o debate da 1ª MESA POSTA DE IDEIAS PRONTAS, que aconteceu ontem na Sala Goebbles de Cultura. A mesa começou com a explanação do tema pelo poeta, pensador e produtor artesanal, Zé D’Almada.

O mediador levou mais ou menos 30 minutos em sua fala inicial. Finalmente, foram apresentados ao público os convidados: Gilson Wilson Junior, poeta, ensaísta e navegador nas horas vagas, Clarinha de Neves e Silva, poetisa, jornalista e crooner da banda de rock I LOVE MY DADDY e Zuku Nadei, romancista, filósofo, cronista, clarinetista free-lance e mestre graduado em Karaokê.

A primeira pergunta foi para Clarinha de Neves e Silva.

D’Almada: Clarinha, em primeiro lugar, seja bem vinda a nossa 1ª Mesa Posta de Idéias. Minha primeira pergunta... a que não quer calar, é a seguinte: É bom ser reconhecida? E o que fazer com isso?

Clarinha: Boa noite a turma que veio me ver. Helloo daddy! Te amo demais, amo mesmo, muito! Te quero daddy!

O pai de Clarinha se levantou e agradeceu a filha mandando-lhe um beijo.

Clarinha: D’Almada, meu querido... Claro que é bom, mas tem suas implicações. Explico: Quando se é vista como um símbolo sexual, tudo parece ficar pendendo para um lado apenas, contudo, quando esse lado seu é todo doação, aí tudo vale à pena, inclusive, usar isso como arma de barganha. Entendeu?

D’Almada: Sim, isso ficou realmente claro, Clarinha. Não deixa dúvida a sua determinação em relação a tudo ao que se refere à criação imaginativa dos conceitos, onde se insere o reconhecimento e o que fazer com ele e de maneira intuitiva.

Clarinha: E mais ainda, o que não fazer quando não o temos em mãos.

D’Almada: Bom, aqui vai o nosso agradecimento ao nosso mui querido Zuku Nadei por nos dar honra de sua presença...

Zuku Nadei: A honra é mesmo minha. Como diria um ancestral de Kawaiachi, aldeia próxima a Hiroxima, a honra é irmã gêmea da catástrofe e do caos.

D’Almada: Bem, Nadei, o que faz um poeta quando está triste?

Zuku Nadei: Ri.

A platéia aplaude!

D’Almada: E quando está feliz?

Zuku Nadei: Vai embora de casa. Rompe com tudo.

Outra vez, entusiasticamente, a platéia se manifesta aplaudindo Nadei.

D’Almada: Zuku, a poesia está morta?

Zuku Nadei: Sim, toda poesia nasce morta, meu caro. Nós poetas é que somos vivos!

D’Almada: O poeta é um construtor de letrinhas juntas?

Zuku Nadei: Mais que isso, o poeta é apenas um fazedor de palavras cruzadas, um insolente e intolerante da língua.

D’Almada: O que você acha, Clarinha?

Clarinha: Eu discordo diametralmente do Zuku. O poeta é um ser vivo, apenas.

D’Almada: E você, Gilson? O que acha?

Gilson Wilson Junior: Para mim, o poeta é um tipo de encanador que joga com tês, joelhos, roscas, torneiras e chuveiros, caixas d’água, etc, para as palavras fluírem, mas não necessariamente nessa ordem, entendeu?

D’Almada: Sim, claro. Antes de fazer a próxima pergunta, eu gostaria de agradecer ai Gilson Wilson Junior, por ter nos atendido o convite vindo de tão longe...

Gilson Wilson Junior: Nem tanto, meu caro D’Almada...

Gilson Wilson se levantou e começou a declamar: “E de perto-aperto-aparto-perto, longe onde apenas-penas, é mesmo perto.”

A platéia foi ao delírio!

D’Almada: Isso me lembrou um poema de Lírio Cravo de Luxemburgo: “Safra-afro-afra-safo e basta da raça à casta!”

D’Almada também recebeu os aplausos da platéia.

D’Almada: Bom, Junior...

Gilson Wilson Junior: D’Almada, você me conhece de longos anos e sabe que me incomoda ser chamado de apenas Junior...

Todos ficaram em suspense... ”Xi, pintou um clima ruim!”

D’Almada: Claro, não foi a minha intenção Gilson Wilson...

D’Almada se dirigiu a platéia...

D’Almada: É o seguinte, pessoal. Vou explicar porque ele não gosta de ser chamado de Junior, Posso, não é Gilson Wilson?

Gilson Wilson: Por favor, D’Almada, continue...

D’Almada: Bom, acontece que em 1975, Gilson Wilson foi levado as pressas para o hospital com uma dor intensa no baixo ventre. Seu pai, então diretor do Hospital Geral de Beneficência Germânica, estava de plantão. Sabendo que seu filho dera entrada na emergência do hospital, ele correu para ir ver o que acontecera ao seu filho. Acontece que Gilson Wilson, já tinha sido levado para mesa de cirurgia. Mesmo assim, seu pai, vestiu um jaleco verde e entrou na sala. Os médicos logo se perfilaram em respeito à presença do chefe, deixando Gilson Wilson, sem atenção. A bomba que levava oxigênio para o paciente...

Neste instante, Gilson Wilson, começou a suar e a passar mal. A platéia se afligiu, vendo-o perder os sentidos... D’Almada, por sua vez, interrompeu o relato e foi socorrer Gilson Wilson, assim também fizeram Clarinha de Neves e Silva e Zuku Nadei.

A 1ª Mesa Posta de Idéias se encerrara ali. Gilson Wilson Junior morreu a caminho do hospital, cujo nome passou a ser chamado de Hospital Geral Ruldof Hess Junior.

Parte do público e os demais convidados seguiram para o Bar Eva B, bar reduto dos intelectuais da cidade, para comemorar o sucesso do evento.

3 comentários:

enzo disse...

e eu ainda tenho me perguntado se o "livro" é a bactéria, a herpes, a hospedeira, o médico, a delegacia ou o necrófilo?!!

metáforas que escritores comuns jamais conseguirão associar.

ps: o ensaio que te mandei não pertence a qualquer livro da Woolf (quer dizer, depois publicaram livro de ensaios). Foi feito exclusivamente para uma palestra sobre a nova literatura inglesa.

Hélio Jorge Cordeiro disse...

Muito bem posicionado, meu caro Enzo. Quiça livro seja um zumbi, que ronda os vivos querendo deles, não só carne, mas alma, dinheiro e mulher/homem e eletrodomesticos da Casa Bahia!

Obrigado por tão interessante material!

PS: by the way, ontem à noite você soberbo, monossilábico!conciso, lacônico, quase exíguo, estanque. rsrs

enzo disse...

O menos é mais, e o clichê me persegue!

como disse o cacique, depois que o jesuíta passou horas e horas lendo a bíblia:

"Você coça. Coça muito bem. Mas coça onde não coça"

(Eduardo Galeano in O Livro dos Abraços)

abraçon!