quarta-feira, 3 de junho de 2009

Filosofia sempre agrega, engorda os conhecimentos e faz crescer a alma!













LUC FERRY

Por Carol Teixeira

"Na correria da última semana, acabei esquecendo de comentar uma coisa incrível: a palestra do filósofo francês Luc Ferry. Ela fez parte da primeira edição do ciclo de palestras Fonteiras do Pensamento, que trouxe, em 2007 e 2008, diversos pensadores para conferências na cidade. Eu, claro, era presença mega assídua nos dois anos, mas tinha perdido justamente essa, a do Luc Ferry, filósofo que admiro muito por conseguir trazer a filosofia para os “não-iniciados” de uma forma acessível e ao mesmo tempo nada banalizada (Falei um pouco sobre isso em um post antigo, o título é "A felicidade, desesperadamente". Dêem um search aqui no site: http://www.carolteixeira.com.br/index.php?secao=blog)

Mas então fiquei sabendo, há algumas semanas atrás, desse novo projeto que estava rolando no Studio Clio, que consistia na transmissão de algumas palestras do ciclo, seguidas de um debate ministrado pelo Juremir Machado da Silva (meu amigo, que eu considero o intelectual mais foda dessa cidade, e que escreveu a orelha do meu livro “Verdades & Mentiras”). A primeira palestra foi justamente essa que eu tinha perdido.

Luc Ferry é O cara.

Saí de lá extasiada, a cabeça a mil, daquele jeito que eu amo ficar. Deu saudade das aulas de filosofia.

Ele tem uma visão muito interessante sobre certos assuntos. Para ele a filosofia não é, como muito dizem, a arte de questionar. Todo sistema filosófico tem como objetivo dar respostas, é isso que tentam todos os filósofos, logo toda filosofia tem como objetivo ser uma doutrina de salvação – uma doutrina de salvação sem Deus. E é aí que ela se diferencia positivamente do cristianismo e vira o melhor instrumento de compreensão do mundo e do ser humano – por pretender dar respostas através da razão e não da duvidosa fé.

Ele também falou sobre as duas grandes questões de infelicidade do ser humano: o passado e o futuro. Todas as nossas tormentas vem dessas duas coisas justamente porque elas não existem, são irreais. O passado já passou e o futuro ainda não chegou. A única coisa que temos de REAL é o presente. Parece óbvio, mas esquecemos disso o tempo todo. Daí vem todas as ansiedades que atormentam, atrapalham nosso sono, atrapalham nossas vidas – dessas duas irrealidades. E nesse ponto há uma visão que fecha com o budismo, e ele comenta isso. Por esse motivo eu sempre achei essa religião, quer dizer, essa filosofia (pois o budismo está um degrau acima das religiões que prescindem da razão) muito interessante.

Enfim, eu poderia ficar horas aqui escrevendo sobre o que ele disse, mas não seria a mesma coisa. Eu sugiro livro “Fronteiras do Pensamento: Retratos de um Mundo Complexo” (editora Unisinos), que consiste nas transcrições de todas as conferências proferidas na edição de 2007, entre elas a do Luc Ferry, da Camille Paglia, Michel Maffesoli , Pierre Levy e outras figuras interessantíssimas. Organização do Juremir. Super vale a pena."

02/06/2009 23:48:00

6 comentários:

Márcia(clarinha) disse...

Gratificante quando saimos felizes assim de uma palestra, cheios de conhecimento e orgulho.

lindo dia
beijos

Hélio Jorge Cordeiro disse...

Pois é, Marcia, a Carol expressou bem seu contetamento com a palestra. Po isso, eu peguei emprestado o post dela.

Gustavo - Filósofo disse...

A filosofia é filha do θαῦμα, o espanto. Ao deparar-se com a espantosa e absurda maravilha do Ser é que o filósofo se faz a pergunta fundamental: "Por que antes o Ser e não o Nada?". Nesta medida, a filosofia é sim a arte de questionar, e se chegou um dia a oferecer respostas é porque antes disso se fez perguntas. Ela não tem o objetivo de meramente "dar respostas", tem sim o objetivo de encontrar respostas! Quem simplesmente dá respostas sem antes procurá-las é o Dogma.
A ferramenta do filósofo é a reflexão e não necessáriamente a razão lógica, muitos outros elementos estão envolvidos neste processo, como o insight a intuição e a própria experiência do viver: não se trata de um mero calcular como pretendiam os racionalistas e os mecanicistas.
Outrossim, a filosofia pode sim ser considerada uma forma de encontrar a "salvação" (prefiro sapiência, entendimento, eudaimonia) na medida em que busca encontrar um sentido para o Ser, um sentido para a vida. Mas sua distância da religião nem sempre é tão grande assim: veja-se praticamente toda a filosofia medieval, ou ainda o daemon platônico, o motor imóvel aristotélico ou o espírito absoluto hegeliano: todos estes grandes desbravadores do entendimento humano, para superar seus problemas metafísicos acabaram redundando em uma espécie de dogma. Muito poucos foram os que não se renderam a esta tentação, como por exemplo os céticos, os cínicos, e Friedrich Wilhelm Nietzsche.

Hélio Jorge Cordeiro disse...

Certamente, Gustavo. Valeu pela visita.

Só que teu texto postado aqui como comentário, bem que poderia estar como post, assim como o de Carol.

abraços
Hélio

Carol Teixeira disse...

Muito legal teu blog, Hélio!:)
E os comentários são interessantíssimos também!
beijos

Hélio Jorge Cordeiro disse...

Carol, valeu pela visita. Espero mais textos teus para postar aqui!
bjos
Hélio