terça-feira, 29 de junho de 2010

ESTÁ DESAPARECIDO!






















Gentem, depois de beber umas garrafas de vinhos é que me dei conta que  anda desaparecido, o nosso conhecido e aclamado poeta, produtor cultural, agitador político, duende nas horas vazias das noites da floresta que circunda a Ressacada, homem de mil instrumentos, inclusive dos que não tem serventia nenhuma pra vida prática dos itajaienses, o maior e também o menor, Alex Nascimento, primo distante e também perto, do grande poeta e pensador Bento Nascimento.

Não se sabe bem qual a situação geográfica dele no planeta em que vivemos, assim como, sua situação no cosmo de maneira geral, neste presente momento. Na verdade, nem sabemos se ele é mesmo um homem real, apesar de que um dia em nossas vidas já o encontramos e até o abraçamos efusivamente. Contudo, deixo claro que nesta época em que estamos vivendo, tudo é possível, inclusive, Itajaí sair do buraco político em que se encontra enterrado, quanto mais Alex ser um ser de verdade.

Alex Nascimento, dizem, chegou a bordo de um cogumelo selvagem, num dia de muita umidade atmosférica. O acharam no meio da restinga que cobre todo o Saco da Fazenda. Tudo aconteceu quando um “pescador de olhos claros”- e não era o Chico Buarque de Holanda -, encostou seu barquinho de papel nas margens do Saco, e deixou que a lua marcasse as horas de sua costumeira pescaria. Lá pelas tantas, alguma coisa se mexeu na rede. O homem bronzeado pelos anos de maresia profunda e tardes assistindo os jogos do Marcílio, foi ver o que era e exclamou: “Oxe, oxe! Mas será o Sarau Benedito?!”. A ovelha do mar subiu as pernas das calças e entrou nas águas de Iemanjá & Cia. Quando pegou a rede e a retirou, ele viu que um copo de plástico do Mcdonald, uma camisinha usada John Tex (preservativo dos cowboys), um saco plástico do Angeloni e um pedaço do livro O Suicida estavam grudados à rede! Uma grande decepção! Ele chorou por três dias e três noites consecutivas nos ombros do manjado jornalista afro-descendente e filho de Oxun, André Pinheiro. Ao limpar a rede e retornar a beira do Saco, ele ouviu um choro de criança! Ele voltou seu olhar pra sua esquerda (sempre ela, à esquerda!) e vislumbrou em cima de uma vitória-régia um bebezinho rechonchudo e com grandes orelhas que serviam de leme a guiar a planta legendária da flora brasileira, água adentro e água afora. Era Alex em seu nascimento para o mundo papa-siri! O pimpolho já sabia o que fazer com seu destino; trazia no peito marcado a dor que nunca sofrera. Nada no mundo terreno iria impedi-lo de ir em frente, apenas aquele pescador que num lampejo heróico, desviou a trajetória da planta em forma de vitória-régia que ia dar de frente com uma lancha, onde estavam o prefeito e toda a sua trupe, comemorando com regozijo o sucesso da futura marina do Saco da Fazenda. Por muito pouco, pouco, o pequeno Alex, não seria criado pelo alcaide itajaiense e, por conseguinte, herdeiro de frangos para abate. Depois desse episódio épico na história de Itajaí, Alex passou a ser instruído pelo guru dos gurus, Rômulo Mafra, jornalista ferino da comunidade peixeira. O pequeno Alex ficou 365 dias dentro de uma caverna no morro do Baú, recebendo os ensinamentos de velho feiticeiro. Terminado os ensinamentos ( ah, a enchente!), Alex desceu da montanha e foi ter com Maomé, porém os muçulmanos o impediram e o pequeno retornou a sua vida normal, estudando línguas mortas com o também não menos famoso guru dos gurus, Enzo Potel. Dizem que Alex só veio a ter com o público, depois que a Ivana Severino deu um chega pra lá nele a pedido do eremita Seba Paulinho, monge tibetano da Barra do Rio.

Os anos se passaram e Alex, cresceu como um menino normal; andando a pé ou ficando irritado com os serviços terríveis da Coletivo, até que num belo dia de sol, a papisa política do PCdoB, Sarah Ternes o levou para criar. A partir daí, ninguém, mas ninguém mesmo, viu o pequeno bruxinho de Itaipava perambulando de sarau em sarau na velha e cansada cidade de Itajaí das delongas do prosador e seresteiro Rafaelo D’Góis. E a pergunta continua: onde foi que se meteu o nosso querido pequerrucho?!

domingo, 20 de junho de 2010

Ainda sobre Saramago

















Ainda sobre José Saramago, aqui vai um texto que ele escreveu em 1997 sobre a  reforma agrária.
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Do site do MST

Leia prefácio do livro "Terra" escrito por José Saramago
19 de junho de 2010

O massacre de Eldorado dos Carajás completava um ano. Dezenove integrantes do MST haviam sido brutalmente assassinados pela polícia. Em abril de 1997, o fotógrafo Sebastião Salgado, o escritor português José Saramago e o compositor Chico Buarque lançam um livro/cd para relembrar o fato e marcar a importância da luta pelo chão: Terra (Companhia das Letras, 1999)

As fotos de Salgado retratam de forma realista os assentamentos e a vida dos trabalhadores rurais. A introdução, a cargo de Saramago, é dura. Lembra das promessas não-cumpridas do governo brasileiro pela reforma agrária.

Entre as canções de Chico, duas exclusivas: Levantados do Chão (com Milton Nascimento) e Assentamento, que narra o sentimento de um migrante ao perceber que a cidade grande “não mora” mais nele. (informações de Brasil Almanaque da Cultura Popular)

Abaixo, leia o prefácio do livro, escrito por José Saramago

É difícil defender
só com palavras a vida
(ainda mais quando ela é
esta que vê, severina).

João Cabral de Melo Neto

Oxalá não venha nunca à sublime cabeça de Deus a idéia de viajar um dia a estas paragens para certificar-se de que as pessoas que por aqui mal vivem, e pior vão morrendo, estão a cumprir de modo satisfatório o castigo que por ele foi aplicado, no começo do mundo, ao nosso primeiro pai e à nossa primeira mãe, os quais, pela simples e honesta curiosidade de quererem saber a razão por que tinham sido feitos, foram sentenciados, ela, a parir com esforço e dor, ele, a ganhar o pão da família com o suor do seu rosto, tendo como destino final a mesma terra donde, por um capricho divino, haviam sido tirados, pó que foi pó, e pó tornará a ser. Dos dois criminosos, digamo-lo já, quem veio a suportar a carga pior foi ela e as que depois dela vieram, pois tendo de sofrer e suar tanto para parir, conforme havia sido determinado pela sempre misericordiosa vontade de Deus, tiveram também de suar e sofrer trabalhando ao lado dos seus homens, tiveram também de esforçar-se o mesmo ou mais do que eles, que a vida, durante muitos milénios, não estava para a senhora ficar em casa, de perna estendida, qual rainha das abelhas, sem outra obrigação que a de desovar de tempos a tempos, não fosse ficar o mundo deserto e depois não ter Deus em quem mandar.

Se, porém, o dito Deus, não fazendo caso de recomendações e conselhos, persistisse no propósito de vir até aqui, sem dúvida acabaria por reconhecer como, afinal, é tão pouca coisa ser-se um Deus, quando, apesar dos famosos atributos de omnisciência e omnipotência, mil vezes exaltados em todas as línguas e dialectos, foram cometidos, no projecto da criação da humanidade, tantos e tão grosseiros erros de previsão, como foi aquele, a todas as luzes imperdoável, de apetrechar as pessoas com glândulas sudoríparas, para depois lhes recusar o trabalho que as faria funcionar - as glândulas e as pessoas. Ao pé disto, cabe perguntar se não teria merecido mais prémio que castigo a puríssima inocência que levou a nossa primeira mãe e o nosso primeiro pai a provarem do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. A verdade, digam o que disserem autoridades, tanto as teológicas como as outras, civis e militares, é que, propriamente falando, não o chegaram a comer, só o morderam, por isso estamos nós como estamos, sabendo tanto do mal, e do bem tão pouco.

Envergonhar-se e arrepender-se dos erros cometidos é o que se espera de qualquer pessoa bem nascida e de sólida formação moral, e Deus, tendo indiscutivelmente nascido de Si mesmo, está claro que nasceu do melhor que havia no seu tempo. Por estas razões, as de origem e as adquiridas, após ter visto e percebido o que aqui se passa, não teve mais remédio que clamar mea culpa, mea maxima culpa, e reconhecer a excessiva dimensão dos enganos em que tinha caído. É certo que, a seu crédito, e para que isto não seja só um contínuo dizer mal do Criador, subsiste o facto irrespondível de que, quando Deus se decidiu a expulsar do paraíso terreal, por desobediência, o nosso primeiro pai e a nossa primeira mãe, eles, apesar da imprudente falta, iriam ter ao seu dispor a terra toda, para nela suarem e trabalharem à vontade. Contudo, e por desgraça, um outro erro nas previsões divinas não demoraria a manifestar-se, e esse muito mais grave do que tudo quanto até aí havia acontecido.

Foi o caso que estando já a terra assaz povoada de filhos, filhos de filhos e filhos de netos da nossa primeira mãe e do nosso primeiro pai, uns quantos desses, esquecidos de que sendo a morte de todos, a vida também o deveria ser, puseram-se a traçar uns riscos no chão, a espetar umas estacas, a levantar uns muros de pedra, depois do que anunciaram que, a partir desse momento, estava proibida (palavra nova) a entrada nos terrenos que assim ficavam delimitados, sob pena de um castigo, que segundo os tempos e os costumes, poderia vir a ser de morte, ou de prisão, ou de multa, ou novamente de morte. Sem que até hoje se tivesse sabido porquê, e não falta quem afirme que disto não poderão ser atiradas as responsabilidades para as costas de Deus, aqueles nossos antigos parentes que por ali andavam, tendo presenciado a espoliação e escutado o inaudito aviso, não só não protestaram contra o abuso com que fora tornado particular o que até então havia sido de todos, como acreditaram que era essa a irrefragável ordem natural das coisas de que se tinha começado a falar por aquelas alturas. Diziam eles que se o cordeiro veio ao mundo para ser comido pelo lobo, conforme se podia concluir da simples verificação dos factos da vida pastoril, então é porque a natureza quer que haja servos e haja senhores, que estes mandem e aqueles obedeçam, e que tudo quanto assim não for será chamado subversão.

Posto diante de todos estes homens reunidos, de todas estas mulheres, de todas estas crianças (sede fecundos, multiplicai-vos e enchei a terra, assim lhes fora mandado), cujo suor não nascia do trabalho que não tinham, mas da agonia insuportável de não o ter, Deus arrependeu-se dos males que havia feito e permitido, a um ponto tal que, num arrebato de contrição, quis mudar o seu nome para um outro mais humano. Falando à multidão, anunciou: “A partir de hoje chamar-me-eis Justiça.” E a multidão respondeu-lhe: “Justiça, já nós a temos, e não nos atende. Disse Deus: “Sendo assim, tomarei o nome de Direito.” E a multidão tornou a responder-lhe: “Direito, já nós o temos, e não nos conhece." E Deus: "Nesse caso, ficarei com o nome de Caridade, que é um nome bonito.” Disse a multidão: “Não necessitamos caridade, o que queremos é uma Justiça que se cumpra e um Direito que nos respeite.” Então, Deus compreendeu que nunca tivera, verdadeiramente, no mundo que julgara ser seu, o lugar de majestade que havia imaginado, que tudo fora, afinal, uma ilusão, que também ele tinha sido vítima de enganos, como aqueles de que se estavam queixando as mulheres, os homens e as crianças, e, humilhado, retirou-se para a eternidade. A penúltima imagem que ainda viu foi a de espingardas apontadas à multidão, o penúltimo som que ainda ouviu foi o dos disparos, mas na última imagem já havia corpos caídos sangrando, e o último som estava cheio de gritos e de lágrimas.

No dia 17 de Abril de 1996, no estado brasileiro do Pará, perto de uma povoação chamada Eldorado dos Carajás (Eldorado: como pode ser sarcástico o destino de certas palavras...), 155 soldados da polícia militarizada, armados de espingardas e metralhadoras, abriram fogo contra uma manifestação de camponeses que bloqueavam a estrada em acção de protesto pelo atraso dos procedimentos legais de expropriação de terras, como parte do esboço ou simulacro de uma suposta reforma agrária na qual, entre avanços mínimos e dramáticos recuos, se gastaram já cinqüenta anos, sem que alguma vez tivesse sido dada suficiente satisfação aos gravíssimos problemas de subsistência (seria mais rigoroso dizer sobrevivência) dos trabalhadores do campo. Naquele dia, no chão de Eldorado dos Carajás ficaram 19 mortos, além de umas quantas dezenas de pessoas feridas. Passados três meses sobre este sangrento acontecimento, a polícia do estado do Pará, arvorando-se a si mesma em juiz numa causa em que, obviamente, só poderia ser a parte acusada, veio a público declarar inocentes de qualquer culpa os seus 155 soldados, alegando que tinham agido em legítima defesa, e, como se isto lhe parecesse pouco, reclamou processamento judicial contra três dos camponeses, por desacato, lesões e detenção ilegal de armas. O arsenal bélico dos manifestantes era constituído por três pistolas, pedras e instrumentos de lavoura mais ou menos manejáveis. Demasiado sabemos que, muito antes da invenção das primeiras armas de fogo, já as pedras, as foices e os chuços haviam sido considerados ilegais nas mãos daqueles que, obrigados pela necessidade a reclamar pão para comer e terra para trabalhar, encontraram pela frente a polícia militarizada do tempo, armada de espadas, lanças e alabardas. Ao contrário do que geralmente se pretende fazer acreditar, não há nada mais fácil de compreender que a história do mundo, que muita gente ilustrada ainda teima em afirmar ser complicada demais para o entendimento rude do povo.

Pelas três horas da madrugada do dia 9 de Agosto de 1995, em Corumbiara, no estado de Rondônia, 600 famílias de camponeses sem terra, que se encontravam acampadas na Fazenda Santa Elina, foram atacadas por tropas da polícia militarizada. Durante o cerco, que durou todo o resto da noite, os camponeses resistiram com espingardas de caça. Quando amanheceu, a polícia, fardada e encapuçada, de cara pintada de preto, e com o apoio de grupos de assassinos profissionais a soldo de um latifundiário da região, invadiu o acampamento. varrendo-o a tiro, derrubando e incendiando as barracas onde os sem-terra viviam. Foram mortos 10 camponeses, entre eles uma menina de 7 anos, atingida pelas costas quando fugia. Dois polícias morreram também na luta.

A superfície do Brasil, incluindo lagos, rios e montanhas, é de 850 milhões de hectares. Mais ou menos metade desta superfície, uns 400 milhões de hectares, é geralmente considerada apropriada ao uso e ao desenvolvimento agrícolas. Ora, actualmente, apenas 60 milhões desses hectares estão a ser utilizados na cultura regular de grãos. O restante, salvo as áreas que têm vindo a ser ocupadas por explorações de pecuária extensiva (que, ao contrário do que um primeiro e apressado exame possa levar a pensar, significam, na realidade, um aproveitamento insuficiente da terra), encontra-se em estado de improdutividade, de abandono. sem fruto.

Povoando dramaticamente esta paisagem e esta realidade social e económica, vagando entre o sonho e o desespero, existem 4 800 000 famílias de rurais sem terras. A terra está ali, diante dos olhos e dos braços, uma imensa metade de um país imenso, mas aquela gente (quantas pessoas ao todo? 15 milhões? mais ainda?) não pode lá entrar para trabalhar, para viver com a dignidade simples que só o trabalho pode conferir, porque os voracíssimos descendentes daqueles homens que primeiro haviam dito: “Esta terra é minha”, e encontraram semelhantes seus bastante ingénuos para acreditar que era suficiente tê-lo dito, esses rodearam a terra de leis que os protegem, de polícias que os guardam, de governos que os representam e defendem, de pistoleiros pagos para matar. Os 19 mortos de Eldorado dos Carajás e os 10 de Corumbiara foram apenas a última gota de sangue do longo calvário que tem sido a perseguição sofrida pelos trabalhadores do campo, uma perseguição contínua, sistemática, desapiedada, que, só entre 1964 e 1995, causou 1 635 vítimas mortais, cobrindo de luto a miséria dos camponeses de todos os estados do Brasil. com mais evidência para Bahia, Maranhão. Mato Grosso, Pará e Pernambuco, que contam, só eles, mais de mil assassinados.

E a Reforma Agrária, a reforma da terra brasileira aproveitável, em laboriosa e acidentada gestação, alternando as esperanças e os desânimos, desde que a Constituição de 1946, na seqüência do movimento de redemocratização que varreu o Brasil depois da Segunda Guerra Mundial, acolheu o preceito do interesse social como fundamento para a desapropriação de terras? Em que ponto se encontra hoje essa maravilha humanitária que haveria de assombrar o mundo, essa obra de taumaturgos tantas vezes prometida, essa bandeira de eleições, essa negaça de votos, esse engano de desesperados? Sem ir mais longe que as quatro últimas presidências da República, será suficiente relembrar que o presidente José Sarney prometeu assentar 1.400.000 famílias de trabalhadores rurais e que, decorridos os cinco anos do seu mandato, nem sequer 140.000 tinham sido instaladas; será suficiente recordar que o presidente Fernando Collor de Mello fez a promessa de assentar 500.000 famílias, e nem uma só o foi; será suficiente lembrar que o presidente Itamar Franco garantiu que faria assentar 100.000 famílias, e só ficou por 20.000; será suficiente dizer, enfim, que o actual presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, estabeleceu que a Reforma Agrária irá contemplar 280.000 famílias em quatro anos, o que significará, se tão modesto objectivo for cumprido e o mesmo programa se repetir no futuro, que irão ser necessários, segundo uma operação aritmética elementar, setenta anos para assentar os quase 5.000.000 de famílias de trabalhadores rurais que precisam de terra e não a têm, terra que para eles é condição de vida, vida que já não poderá esperar mais. Entretanto, a polícia absolve-se a si mesma e condena aqueles a quem assassinou.

O Cristo do Corcovado desapareceu, levou-o Deus quando se retirou para a eternidade, porque não tinha servido de nada pô-lo ali. Agora, no lugar dele, fala-se em colocar quatro enormes painéis virados às quatro direcções do Brasil e do mundo, e todos, em grandes letras, dizendo o mesmo: UM DIREITO QUE RESPEITE, UMA JUSTIÇA QUE CUMPRA.

JOSÉ SARAMAGO
1997

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Morreu Saramago!






















Morreu aos 87 anos, o escritor português José Saramago. O único Prêmio Nobel da literatura portuguêsa. Um escritor polêmico e também inovador. Deixa uma obra extensa e rica. Há que não goste de seu estilo, mas eu particurlarmente acho-o direto e incomum, o que faz de Saramago um dos maiores escritores conteporâneo.
Verdadeiramente, a morte dele é uma grande perda para a literatura do mundial.

Aqui vai o link de O Globo para quem quiser saber mais sobre o fato:

http://oglobo.globo.com/cultura/mat/2010/06/18/morre-escritor-portugues-jose-saramago-916916523.asp

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Esta menina é mesmo bárbara!

































Aproveito para anunciar aqui um fato relevante para àrea cultural, mais diretamente, para a da música de Itajaí. Trata-se da gravação de um DVD ao vivo por nada mais nada menos que a minha querida e talentosa amiga Bárbara Damásio.Reproduzo o release do evento. Parabéns, Barbinha!

"Bárbara Damásio realiza gravação de DVD ao vivo

A cantora Bárbara Damásio realiza no próximo dia 22 de junho, terça-feira, às 20h, no Teatro Municipal de Itajaí, a gravação ao vivo do seu primeiro DVD, intitulado “Você é mesmo essa flor”. Com repertório inédito, Bárbara será acompanhada por uma banda formada por músicos da região além de contar com ilustres participações, entre elas a da cantora Elza Soares.

Os principais compositores envolvidos neste trabalho são Willian Goe, Arnou de Melo, Rafaelo de Góes, Ryana Gabech, Alegre Correa, Tatiana Cobett, Jean Mafra e Wagner Barbosa. O DVD contará com a participação especial do músico Guinha Ramirez, ao violão; Rubens Azevedo, no saxofone, flauta transversa e clarone, e da renomada cantora Elza Soares.

Mesmo apreciando grandes nomes da música brasileira, a proposta da cantora é de valorizar a arte catarinense e dar visibilidade às novas composições daqueles com quem divide ou dividiu os palcos e os improvisos até então.

Na banda base estão Arnou de Melo, nos contrabaixos; Edilson Forte (Tatu), ao piano, e o baterista Willian Goe. Os arranjos musicais são coletivos e a direção musical é de Arnou de Melo e Willian Goe.

A gravação será realizada pela produtora Pangéia de Itajaí, tendo como diretores, Beto e Lallo Bocchino. A gravação do áudio será da ZAP MUSIC, contanto ainda com a produção de Fabricia Prado e Natália Uriarte e a concepção cênica de Ryana Gabech. A gravação do DVD “Você é mesmo essa flor” é um projeto aprovado pelo Edital Elizabeth Anderle de Estímulo à Cultura, através da Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte (SOL) e Fundação Catarinense de Cultura.

O quê? Gravação ao vivo do DVD Você é mesmo essa flor, da cantora Bárbara Damásio

Quando? Dia 22 de junho, terça-feira, às 20h

Onde? Teatro Municipal de Itajaí Ingressos: R$5,00 Locais de venda: Teatro Municipal de Itajaí e Píer Pub (av.Hercílio Luz, ao lado da Igrejinha velha, centro de Itajaí).

Assessoria de Imprensa:
Fabricia Prado e Natália Uriarte
Informações: 47 8408-1714/ 47 9986-4106
Fotos: Roberta Bittencourt"

terça-feira, 15 de junho de 2010

Hoje tem festa dupla!







Hoje terça, dia 15, é feriado, Itajaí comemora 150 anos. Parabéns a todos os itajaienses!

Também, hoje, no Café&Cultura, tem a exibição em telão do jogo de estréia do Brasil na Copa do Mundo da África, enfrentando a Coréia do Norte. O esquenta do jogo do Brasil começa às 12 horas com Daniel Monteiro e vai até o início do jogo às 3 horas. Vamos todos torcer pela nossa seleção tomando uns tragos, pois se ganharmos já estaremos comemorando e se perdermos já estaremos bebendo pra esquecer!

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Enzo Potel receberá premiação!














No próximo dia 20 de Julho, o poeta e pensador Enzo Potel, receberá o prêmio Lindsay Overnight de Poesia e Literatura Moderna/ 2010, do Instituto de Leituras Clássicas e Contemporâneas da Universidade Ulterínia de Barkley.

O jovem poeta Itajaiense, foi agraciado com esse premio pelo conjunto de sua obra – Cura, Afeganistão e Contos de Facas.

Abordado para falar sobre o premio, Potel revelou seu desagrado e sua indignação por ter que receber esse tipo de recompensa, já que é avesso a galardões, que para ele, não passam de bajulações desmedidas e promíscuas. Irritado com a notícia de que iria acompanhado de sua mascote, um leopardo pardo da Sibéria, a que ele chama de Klaukus, Potel revelou que o animal está em fase de terapia, portanto desaconselhado a não participar de tais eventos egocentristas. Consultado, o psicanalista do leopardo, Dr. Frederick Descôncio, revelou que parte da neurose do felino, é devido aos maltratos, perpretados pelo seu dono e mestre Enzo Potel. O poeta e pensador Itajaiense rebateu as críticas do analista do leopardo e ainda acrescentou: “ Frederick recebe em euros, eu recebo em reais, e o leopardo recebe em bistecas!”

Ninguém sabe se o poeta e pensador Itajaiense realmente irá comparecer a premiação. Seu editor, Saulo Paulo de Tarso e Silva, da Smolas Editora, acrescentou que, mesmo que o poeta e pensador não compareça a entrega do tão cobiçado laurel, ele mandará sua genitora – a do editor! – receber, pois ela mais que ninguém, nesse mundo, adora, idolatra, e bajula o poeta e pensador Enzo Potel.

Ah, Contos de Facas, o último best-seller do poeta e pensador está disponível nas Livrarias Catarinense e Editora Casa Aberta, esta última, em Itajaí - SC.

Para seu final de semana ficar quente!




























Pessoal, o bar está mesmo uma maravilha. Aproveitem para se esquentar, bebendo um drink ou um bom vinho. Ah, e é claro, ouvindo boa música!

terça-feira, 8 de junho de 2010

Pela parte que me toca.

















Gente, o texto que publico aqui, é um excelente trabalho de escrita, um artigo bem humorado e inteligente, escrito pelo meu amigo Felipe Damo e que me fez rir sem parar. Após esse ataque de riso, resolvi tomar emprestado dele seu texto e aqui publicá-lo. (os grifos em vermelho foram pra me lembrar que o texto tinha a ver comigo. rsrs)
Aqui está a pérola para todos vocês:

A notável visita de Sartre ao Recife
por Felipe Damo - junho 8, 2010

Era um mil novecentos e sessenta como nenhum outro, pesava o moleque. Onze de agosto, dia do aniversário. Chegou em casa correndo miudinho, driblou a mesa da cozinha, se precipitou pelo corredor até a porta do quarto onde sobre a cama repousava o presente prometido pela tia Dinorah. Um livro, a julgar pelo formato. Rasgando com as mãozinhas o papel de presente onde se via uma aquarela de pássaros voando em um céu azul infinito, o bichinho leu em letras grandes: O ser e o nada – Jean Paul Sartre.

Era o primeiro livro que ganhava. Abriu com cuidado e na folha de rosto, ao invés de uma dedicatória, um pequeno bilhete em papel de seda amarelado: “Pegue a dedicatória com o próprio autor, amanhã à tarde. Ass.: Tia Dinorah.”

No dia seguinte, em horário marcado, a tia do moleque passou na casa da irmã para pegar o pequeno leitor e conduzi-lo até a Faculdade de Filosofia de Pernambuco, onde o francês estrábico e de sorriso tristonho deveria proferir uma palestra no I Congresso de Crítica Literária de Pernambuco.

O intelectual e sua companheira Simone haviam chegado pela manhã no Recife. Após problemas com o trem de pouso e um sobrevôo de mais de meia hora, o casal foi recepcionado por uma multidão de fãs e curiosos. Já na chegada o também comunista e escritor Jorge Amado esperava o francês que, há de se concordar, era feio de doer. Voilà! Deram uma volta turística pela cidade e almoçaram no restaurante Buraco da Otília. Sartre misturou ostras, lagosta e camarão temperado, em uma combinação um tanto estranha para seu refinado paladar europeu.

No auditório da Faculdade de Filosofia, em meio à palestra, o filósofo começou a sentir as primeiras revoluções periféricas em sua barriga. Mas tocou a palestra adiante. Sentado na segunda fileira, com os olhinhos que pareciam duas jabuticabas brilhantes, o menino agarrado ao livro, ensaiando uma frase em francês que tia Dinorah havia ensinado: “je veux votre…” alguma coisa. Após a palestra, assim que o francesinho se levantasse e tomasse o corredor, não haveria erro, a dedicatória estava garantida!

Sartre falou mais meia hora. Esticou a corda até onde deu. Mas como se diz em Pernambuco: é ruim, amarga e trava. Não tinha mais jeito. Encerrada a palestra, mal terminaram os aplausos e ele se jogou pelo corredor. O menino preparou-se para o ataque correndo para a saída para onde Sartre olhava. Mas por ironia do destino e do estrabismo extremo do francês – Sartre não andava por onde olhava – tomou a direção contrária, dando um drible no moleque que ficou em pé catatônico a falar “Je, je, je, je…"

Correndo atrás do escritor ia Jorge Amado, pelo longo corredor com arcos que levava até o banheiro. Recuperado do baque, e virado em pernas, o menino acabou alcançando esbaforido os dois escritores, segundos antes de o francês chegar ao reconfortante trono. Foi Jorge Amado que passou a Sartre o livro do moleque, com um sorrisinho meio amarelo e uma frase em francês que dizia algo como “faz qualquer rabisco aí pro bichinho, meu rei!”

Era o tempero forte da culinária pernambucana. O resultado se mostrava agora. Trancado no banheiro da faculdade, com Jorge do outro lado da porta e o menino assustado a tiracolo, só se podia ouvir o gemido do existencialista, seguido de diversos e óbvios “Merde!”.

Quando abriu a porta, irritadíssimo e mal-humorado, o francês apenas esticou a mão com o livro para Amado, seguindo em frente sem tomar conhecimento do menino. O baiano entregou o livro ao moleque e apressou o passo para acompanhar o visitante até a coletiva de imprensa. Com o livro em mãos, o menino correu pra ver a dedicatória, mas nada, nenhuma palavra. Folheou página por página e apenas percebeu que, misteriosamente, três capítulos haviam sido arrancados pelo autor. Papel nunca foi o forte dos banheiros da Faculdade de Filosofia.

Daquele encontro nunca mais se ouviu falar. Sartre ficou quase dois meses no Brasil, esperando que as autoridades francesas acalmassem os ânimos e não o prendessem assim que desembarcasse em Paris, por conta do apoio dado aos militares argelinos na luta pela independência.

Nesse período esteve na Bahia, conheceu o Rio e São Paulo. Esteve em Porto Alegre e foi de Minas a Brasília em um carro emprestado por Niemeyer. Voou até o Ceará, de lá para Belém, Manaus, até o retorno ao Recife, onde Madame Simone veio se tratar do tifo contraído na viagem. De volta à França, nunca mais retornaram ao país.

Quanto ao menino, consta que virou existencialista convicto, impôs a si mesmo um auto-exílio no interior do país, lá onde o diabo perdeu as botas, e anos mais tarde cometeu suicídio.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Viva Verde!

Pessoal, gostaria de lhe apresentar uma matéria que saiu na revista Brasilnaeuropa, falando da empresa de produtos naturais, Viva Verde de um grande amigo meu, Marco Silva, que mora na Suíça. Dêem uma olhada.


quarta-feira, 2 de junho de 2010

Um rosto bonitinho e nada mais






















Narciso Gleywilson da Silva era um tipo bem aparentado. Alto, olhos puxando pra esmeralda, pele bronzeada; sorriso largo de dentes alvíssimos. Assim como o seu nome indicava, ele era mesmo um sujeito narcisista. Narciso e o espelho eram como se fossem irmãos xenófobos. Um dependia do outro pra viver. Narciso se vestia, digamos assim, extravagantemente diferente. A pecha de cafona lhe cabia muito bem, mas isso não vinha ao caso. A verdade era uma só: Narciso era mesmo um rostinho bonito.


Naquele dia de sol claro e com poucas nuvens, ele acordou e logo correu pro espelho como fazia todas às vezes quando acordava. Ele olhou-se, re-olhou-se, re-re-olhou-se e, finalmente, correu pra trocar-se. Abriu a porta do armário, e quem estava lá a sua espera? Claro, outro espelho! Ele vestiu sua melhor roupa e saiu à toda do pequeno apartamento onde morava. Narciso teve que correr como um louco para a entrevista a uma revista estrangeira e uma sessão de fotos num estúdio onde só pintava por lá figurinhas carimbadas das passarelas de moda; ele estava mesmo muito atrasado!


Só para ilustrar o quanto a beleza de Narciso era mesmo uma unanimidade, tinha como testemunha, Bob Scissors, o cabeleireiro da esquina. O referido coiffeur adorava quando tinha que lavar o cabelo do jovem modelo; mexia pra lá, mexia pra cá; tome xampu disso daquilo e daquilo outro. Narciso passava mais horas no salão de Bob Scissors do que em sua própria casa. Certa vez, Bob que era natural de Surubim, Pernambuco, disse em suas memórias que quando massageava os cabelos de Narciso era como se massageasse os cabelos de um anjo... “Dava vontade de apertar, dar vontade até de...” Já outro cabeleireiro bem afamado junto as socialites, Ulisses Chanel, comentou certa vez pra um colunista social: “A minha vontade era de levar ele pra casa, para sempre!” A manicure Lilibeth e a proprietária de outro salão, Anamaria Brígida, também comungavam do mesmo pensamento.


Narciso mantinha-se sempre calado, distraído com sua própria imagem, refletida por vários espelhos espalhados pelo salão. Às vezes, comentava alguma coisa, mas era muito raro; “Ele era um bofe de poucas palavras.” – comentou certa vez Bob Scissors, no intervalo da XI Araçatuba Fashion.


Narciso chegou momentos antes de fecharem as portas do estúdio. Suado e ainda ofegante, ele recompôs-se e entrou. Dirigiu-se à recepcionista. Logo foi reconhecido e foi para outra sala, onde já esperavam o jornalista e o fotógrafo. Lá, se encontravam os modelos top das feiras de moda, exuberantes espécimes femininos e masculinos da beleza tupiniquim. O lugar era um verdadeiro pirão narcísico.


Narciso decidiu que daria a entrevista após sessão de fotos. Ele foi pro set; clica daqui clica dali, até que um spot de luz estourou, provocando um alarido e depois um pandemônio no set.


Logo o fogo tomou conta dos tecidos plásticos que faziam o cenário. Um assistente tentou abrir a porta, mas por um acaso do destino, ela travou e não abriu. Naquela altura, o fogo já consumia tudo que encontrava pela frente. Narciso procurava se esquivar como podia das chamas. O fotógrafo foi a primeira vítima. O infeliz corria em círculos aos gritos com o corpo tomado pelas labaredas. O jornalista que iria entrevistá-lo e os modelos conseguiram se escafeder do lugar a tempo. A fumaça começou a sufocar todos. A aquela altura, o fogo tinha se tornado a estrela máxima do set!


Uma hora após, o incêndio tinha sido debelado, mas o set tinha sido consumido pelo fogo. Só restaram escombros. Uma câmera Hasselblad parecia um bolo de chicletes de cupuaçu mastigados. Ela ficara grudada ao que restou de um banquinho de ferro que mais parecia uma obra de Alberto Giacometti do que propriamente um objeto para sentar.


As vítimas do sinistro foram levadas para o hospital de queimados. Entre elas, Narciso. Mas para surpresa de todos, o fogo lhe queimara tudo do pescoço para baixo até o dedão do pé. Milagrosamente, seu rosto fora preservado, mantendo-se belo como antes. O milagre foi motivo pra muitas reportagens sensacionalistas e entrevistas com os mais importantes apresentadores de talkshows.


Passados alguns anos, mesmo deformado, manco de uma perna e com uma mão atrofiada, Narciso ainda foi, por muito tempo, a estrela máxima das capas de revista e dos anúncios de propaganda.


Mas para crítica especializada, Narciso continuou sendo, simplesmente, um rosto bonitinho e nada mais.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Hoje tem Cordas & Cuerdas!

































Pessoal, hoje no In-dustrya Choperia, bar recém inaugurado aqui em Itajaí, vai ter dois dos mais competentes músicos de nossa música instrumental fazendo miséria com seus talentos. Eles são, Arnou e Daniel Montero.

Com friozinho que anda fazendo neste Outono, só dá vontade de tomar um trago, acompanhado de uma canja e isso, a nossa amiga Fátima Vanzuita irá oferecer à todos por um precinho mais que justo. Vamos lá conferir!