segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

O fim do ano e o fim do mundo

















O FIM DO ANO E O FIM DO MUNDO

O neto tinha ido buscar sua avó, para a comemoração da passagem do ano. Eles vinham felizes, conversando; o neto dirigindo e a sua avó ao seu lado. A estrada estava tranqüila, havia pouco movimento naquela hora da noite.

- Vó, desde que eu me entendo de gente, todo ano dizem que o mundo vai acabar, mas nunca acaba. No tempo da senhora era assim?

- Não, eles diziam que o fim do mundo só chegaria quando a gente morresse. Agora, pra mim, eu acho que o mundo vai acabar ainda este ano.

- Por que a senhora diz isso?!

- Porque, você passou direto pelo aviso que dizia:”Cuidado, precipício a 100 metros!”

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Um conto quase de Natal













UM CONTO QUASE DE NATAL

Pela rua deserta, ele caminhava solitário. Garrafa na mão e muitas desilusões sobre as costas. Divisou a alguns metros, sob a luz tênue do poste, um cão comendo alguma coisa não identificada.

Aproximou-se do animal e lhe perguntou:

- O que comes, cão?

O cão nem deu bola ao que ele lhe perguntara e continuou a comer. Novamente, ele perguntou:

- Oh, animal infeliz, o que estás a comer, miserável?

Então o cão levantou a cabeça e respondeu:

- Não sabes tu que hoje é Natal?

Ele ficou pensativo por alguns instantes e depois falou para o cão:

- É, eu sei que hoje é Natal, mas o que eu perguntei foi o que tu estás a comer com tanto apetite.

O cão, que havia voltado à sua mastigação, parou e disse:

- Pois eu vou te dizer - estou comendo as tuas melhores recordações, pois nem com elas, tu conseguiste te levantar dessa merda em que tu te meteste. Vou comê-las todas e não sobrará mais nenhuma para quando quiseres te lembrar delas. Aí, tu lamentarás ter nascido nesse dia, aliás, dia esse tão hipócrita e cínico de tua sociedade, que nem nós, cães, suportamos. É por isso, que estou comendo o que tu não deste valor nenhum. Agora cai fora que não posso parar, tenho mais lembranças, de outros idiotas como tu, pra comer ainda hoje.

O homem saiu, deixando para trás tudo que havia construído anos após anos. Uma leve névoa tomou conta da noite e não se pôde ver mais, nem homem, nem cão e, tampouco, nenhuma lembrança de que aquele dia era Natal.

sábado, 20 de dezembro de 2008

The grandstand




















THE GRANDSTAND

Ele deixou a porta aberta e ela entrou. Seria pra sempre, pensava ele, mas ela nem tanto.

Calou-se e não recitou uma palavra sequer de nenhum de seus versos, para não cair em tentação, outra vez.

Ela procurou suas meias em meio ao escuro, sem sucesso. Suas meias ele havia queimado na luz do sol, esse abajur silencioso que a todos queima e cuja idolatria ele se subjugava.

Daquele dia, restara apenas um travesseiro manchado de vinho, - ou era sangue? - e a voz dela a dizer-lhe coisas que só os tolos poetas dizem, sem querer dizer, pois as palavras que lhes saem, são como os touros arredios de Pamplona.

Não, ele não queria que lhe dissessem que ele não estava certo. Em algum momento, ela chegaria e lhe diria isso mesmo. Ela diria que queria a eles, outra vez: certos ou não, do jeito deles, mas ela queria os dois somente para ela.

Eles e ela novamente! Ele nem podia acreditar. Tudo voltou, inclusive, a torneira a jorrar na pia sem parar. Era um barulho surdo dos ratos, dançando nos dutos casa afora. Era, sem dúvida, uma melodia nada peculiar às noites de sexo que eles tiveram ao longo do tempo em que ficaram juntos pela primeira vez.

Agora, ele deixaria que os milhões de “Eus” jorrassem para dentro delas, das duas e, nunca mais, nenhuma latrina lhe mostraria o caminho de volta a sua ignóbil juventude, repleta de nãos, nãos e muitos talvez.

Ele já comprara os bilhetes e, agora, esperava que elas lhe desejassem sorte. Seria dada largada. Aquilo era mesmo um Grandstand.

A corrida iria começar. Este seria o terceiro páreo dos três. Era um para ele e dois para elas duas.

A cama, o lençol, a garrafa de vinho e muito, muito gemidos de gozo que ele sabia, o vento levaria por toda aquela noite para dentro dos ouvidos do mundinho hipócrita lá fora.

Quem sabe ele venceria por um corpo inteiro.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Um conto quase de horror

















UM CONTO QUASE DE HORROR

O lugar era mal iluminado, quase lúgubre.

Terêncio estava ali, todo sujo. Havia corpos espalhados ao seu redor. A sua frente, restava apenas um, quando o delegado chegou...

- Nossa! Você é mesmo um insaciável! Quantas você comeu?

- Mais de 15!

- Puta merda! O que você fez com as cabeças?

- Taqui as cabeças, eu nem as toquei, Delegado!

- Meu deus! Você é mesmo um animal!

E lá de dentro alguém gritou...

- Delegado, acabaram as sardinhas, só tem caranguejo agora!

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Um conto quase erótico
















UM CONTO QUASE ERÓTICO

Na sala... As pernas arqueadas; uma aparente rigidez, apesar do passar dos anos e do uso. Ela senta devagar... Um gemido... Os dois caem! Mulher e cadeira.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Um conto econômico

UM CONTO ECONÔMICO
- Olavo! Quanto tempo!
- Tudo bem, Gonçalo?
- Tudo, meu amigo.
- Quantas coisas ficaram prá trás, não é mesmo?
- Pois é, pois é... Naquela época, nada parecia ser tão importante, imprescindível pra nós, e agora...
- Eu sei...
- A propósito, Olavo, afinal, hoje, o que é que você acha que existe acima de nós todos?
- O imposto de renda, meu amigo. O imposto de renda!

sábado, 13 de dezembro de 2008

Marina De La Riva!


Amor a primeira vista é isso: você ouve e logo gama - tô mesmo velho!

Assim foi, quando ouvi pela “prima volta” esta voz, pequena é certo, mas tocante. Daquelas que vai fundo, fundo até que se impregna para sempre em nossos ouvidos, corpo e alma. Que bom ter descoberto essa maravilha de intérprete que é Marina De La Riva, fluminense de Campos de Goytacazes, RJ. Ela tem um pé em Cuba, claro; pai cubano e mãe mineira, uai. Uma mistura de fazer gosto, sô. É como se fosse um recheado de docinho leite com rum.
Se rapazinho eu fosse, há esta hora, eu estaria aonde o sol brilha, ou seja, onde De La Riva canta. Confiram!
* Uma correção: Marina nasceu num hospital no Rio de Janeiro, em 7 de abril 1973, mas viveu toda infância e adolescência em Baixa Grande de Leopoldina distrito de Campos.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

60 Anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos



























Foi com esse cartaz, que eu e o Diretor de Arte, Ricardo Luís Andrade, velho amigo meu, participamos do concurso comemorativo dos 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008